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Amazonas

Amazonas registrou piores taxas nacionais de incidência e de mortalidade por Covid-19, informa BBC

Infectologista Bernardino Albuquerque, presidente do comitê de enfrentamento ao coronavírus da Universidade Federal do Amazonas, alerta que a tendência da situação é se agravar ainda mais.

O Amazonas registrou na última semana, as piores taxas de incidência e de mortalidade por Covid-19 do Brasil. De acordo com dados de 20 de abril do Ministério da Saúde (MS), o Estado tem 521 casos para cada milhão de habitantes, e no último dia 17 tinha um índice 2,75 vezes maior que média nacional. E tinha a pior taxa de mortalidade, com 45 mortes por cada milhão de habitantes, quase o dobro do registrado nos segundos colocados, Pernambuco e Rio de Janeiro, que têm 24 óbitos por milhão.

As informações foram publicadas hoje no site da BBC Brasil.

O primeiro caso de covid-19 no Amazonas foi confirmado em 13 de março – o Estado foi o 13º do país a identificar um contágio pelo novo coronavírus. Pouco mais de um mês depois, a sua epidemia local é a mais grave do país.

Em Manaus, onde estão cerca de 80% dos casos confirmados no Estado até agora, essas taxas são ainda maiores. Houve até agora 762 casos por milhão de habitantes, o quinto pior índice entre as capitais, e 72 mortes por milhão de habitantes, o maior entre todas as capitais.

Foram confirmados até a última terça-feira (21/4) 2.270 casos e 193 mortes – o quarto e quinto maior total do país respectivamente. A taxa de mortalidade do vírus no Amazonas, de 8,5%, também está acima da média nacional, de 6,4%.

O Estado tem um sistema de saúde com capacidade limitada. Até meados de março, havia 533 leitos de UTI nas redes pública e privada, segundo o governo estadual. Isso corresponde a 13 leitos para cada 100 mil habitantes, 40% abaixo da média nacional, de 20 leitos a cada 100 mil habitantes.

Na notícia da BBC Brasil, o infectologista Bernardino Albuquerque, presidente do comitê de enfrentamento ao coronavírus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), avalia que faltou, num primeiro momento, uma campanha de comunicação mais eficiente para esclarecer à população a importância de ficar em casa.
“A população não tem o hábito de fazer isso quando tem uma gripe comum. E isso não foi obedecido, principalmente por quem tinha sintomas mais leves, e a doença foi ganhando corpo”, diz o médico.

Ele diz, também, que a testagem é insuficiente no Estado – um problema comum em todo o país. “ “A confirmação de casos foi muito seletiva e demorada, em um velocidade muito menor do que a da propagação do vírus”, afirma.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, até 16 de abril, 8.072, ou 1,69% dos 476.272 testes laboratoriais para covid-19 distribuídos aos Estados, foram destinados ao Amazonas. Com muitos casos suspeitos e poucos exames, a testagem em todo o Brasil foi restrita aos casos mais graves. Baixa testagem não permite saber real tamanho da epidemia local e controlar contágios

Além disso, há apenas um centro credenciado no Estado para fazer os exames. O Laboratório Central de Saúde Pública de Manaus era capaz de analisar 80 amostras por dia no final de março, segundo o governo estadual.

“O sistema de vigilância no Estado tem uma capacidade pequena, e ele se esgotou. Está trabalhando com a capacidade máxima”, diz o infectologista Guilherme Pivoto.

De acordo o Ministério da Saúde, o Amazonas já concluiu, até 16 de abril, 4.298 exames de casos suspeitos de covid-19, o décimo maior total entre os Estados.

Mas estão em falta no mercado reagentes usados para identificar o coronavírus em testes laboratoriais, disse a Fundação de Vigilância em Saúde, que é ligada à Secretaria Estadual de Saúde.

Isso gerou um acúmulo de centenas de exames à espera de análise. O tempo para sair o resultado, que há duas semanas era era de 24 a 48 horas, passou para até cinco dias.

Albuquerque explica que isso não permite saber o real tamanho da epidemia do Amazonas nem rastrear todos os casos, o que aumenta as chances do coronavírus se propagar.

Pessoas com sintomas leves ou assintomáticas, que representam em média 80% dos casos, não são identificadas e isoladas. Elas continuam a circular e podem infectar quem faz parte dos grupos de risco, em que a doença tende a ser mais devastadora.

Por isso, Albuquerque alerta: “Estamos entrando em um momento muito difícil, em que a doença está saindo da classe média para as classes menos favorecidas, nas quais as medidas de isolamento são muito mais difíceis de serem aplicadas, porque há mais pessoas vivendo em casas menores. Então, como esse vírus é muito transmissível, a tendência da situação é se agravar ainda mais.”

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