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Mudanças climáticas derretem geleiras e ursos polares procuram lixo para se alimentar

Ursos polares famintos estão recorrendo aos depósitos de lixo para se alimentar, enquanto seu habitat gelado desaparece.

Ursos polares se alimentam em lixão na vila de Belushya Guba, no norte da Rússia. (Foto: Alexander Grir)

Na última quarta-feira (20), uma equipe de cientistas canadenses e americanos alertou que o lixo representa uma ameaça emergente para as populações já vulneráveis de ursos polares, conforme os animais se tornam mais dependentes de aterros sanitários próximos às comunidades do norte. Isso está levando a conflitos mortais com pessoas, disse o relatório publicado na revista Oryx.

“Ursos e lixo são uma má associação”, disse o coautor do trabalho Andrew Derocher, biólogo na Universidade de Alberta. “Sabemos disso muito bem pela perspectiva do urso pardo e do urso negro, e agora é um problema que aumenta com os ursos polares.”

Os ursos polares dependem do gelo marinho para caçar focas. Mas, com o aquecimento do Ártico quatro vezes mais rápido que o resto do mundo, o gelo marinho está derretendo no início do verão e congelando no final do outono. Isso obriga os ursos a passarem mais tempo em terra, longe de suas presas naturais.

Segundo o relatório, para engordar os ursos polares agora estão se reunindo em torno de lixões em lugares do Ártico e subártico, como Belushya Guba, na Rússia, e de pilhas de ossos de baleia que sobraram de caças dos inuítes perto de Kaktovik, no Alasca (EUA).

Tal comportamento é arriscado. Os gestores locais da vida silvestre podem matar ursos por preocupação com a segurança pública. E consumir lixo pode deixar os ursos doentes.

As embalagens geralmente são congeladas com restos de comida, e os ursos polares acabam ingerindo plástico e outros materiais não comestíveis, o que pode causar bloqueios fatais.

“Os ursos não conhecem todos os pontos negativos que vêm da ingestão de plástico e as doenças e toxinas às quais provavelmente estão expostos num ambiente (de aterro)”, disse o coautor Geoff York, diretor sênior de conservação no grupo de defensoria Polar Bears International.

A situação, segundo os cientistas, deve piorar.

As populações humanas estão aumentando no Ártico. Nunavut, no Canadá, onde vivem milhares de ursos polares, tem projeções de crescimento de quase 40% até 2043.

Melhorar a gestão de resíduos continua sendo um desafio para comunidades remotas. O solo é frequentemente congelado, tornando difícil enterrar o lixo. E o transporte é caro. Há necessidade de verbas federais para solucionar o problema, disseram os cientistas.

“Já tivemos algumas mortes humanas no leste do Ártico canadense”, disse Derocher. “É surpreendente quantos lugares que nunca tiveram problemas com ursos polares agora estão tendo problemas emergentes.”

A informação é da Folha de São Paulo.

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