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Brasil

O que aconteceria se toda a Amazônia virasse pasto? Cientistas fazem simulação

Modelo que roda em supercomputadores e ajuda ONU a estimar aquecimento global aponta que, com desmatamento total, temperatura da região subiria, e volume anual de chuvas cairia 800 mm, com impacto no Cerrado.

Na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, um centro de pesquisas se especializou em criar modelos matemáticos do clima no planeta Terra, a partir de inúmeras variáveis, como o Sol, as correntes marítimas, a superfície dos terrenos, a dinâmica de florestas tropicais e a emissão de gases por meio da atividade humana. O laboratório, conhecido pela sigla GFDL, desenvolveu as primeiras simulações numéricas da atmosfera e dos oceanos do mundo, e hoje ajuda a ONU a estimar o aquecimento global nas próximas décadas, além de prever trajetórias de furacões e outros fenômenos.

A informação é da Deutsche Welle, emissora internacional da Alemanha que produz jornalismo independente em 30 idiomas.

Stephen Pacala, professor de mudanças climáticas e sistemas ecológicos de Princeton, e Elena Shevliakova, especialista em modelagem climática, decidiram aplicar esse sistema sofisticado, que roda em supercomputadores com milhares de processadores simultâneos, para estimar como o desmatamento da floresta afetaria o clima da região amazônica e adjacências. Eles então programaram seu modelo para calcular o que ocorreria se toda a área da Amazônia virasse pasto – uma previsão drástica, mas que ajuda a esclarecer os efeitos do desmatamento.

Segundo o resultado, apresentado em um seminário em outubro, em Princeton, a temperatura da região ficaria de 2 a 3 graus centígrados mais quente, além da alta já esperada em relação à era pré-industrial.

Além disso, o volume anual de chuvas seria reduzido em até 800 milímetros – 65% do que costuma chover em Porto Alegre num ano. Parte dos efeitos seria sentido também no bioma vizinho à Amazônia, o Cerrado, onde hoje se planta boa parte dos grãos exportados pelo Brasil, como a soja.

A conclusão do laboratório de Princeton confirmou estimativas feitas anos antes por outros cientistas, como a indiana Jayashri Shukla e o brasileiro Carlos Nobre, que usaram técnicas mais simples – um sinal de que o resultado é “muito robusto”, disse Pacala em entrevista à DW Brasil, na qual ele detalha o sistema utilizado e os efeitos do desmatamento.

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