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Governo Federal volta a recomendar vacina contra Covid para adolescentes sem comorbidade

Para justificar a mudança, a pasta argumentou que não há relação entre o uso da vacina e a morte de uma adolescente de 16 anos no interior de São Paulo, entre outros pontos.

Ministério da Saúde havia retirado os adolescentes sem comorbidades da campanha de imunização às pressas no último dia 15. (Foto: Evandro Leal/Estadão Conteúdo)

O Ministério da Saúde recuou na noite desta quarta-feira (22) e voltou a indicar que adolescentes sem comorbidade recebam a vacina contra a Covid-19.

A pasta preparou nota técnica e informe aos gestores do SUS com orientações para recolocar o grupo de 12 a 17 anos na campanha de imunização. Estes jovens devem ser o último grupo a receber a vacina, segundo as orientações da Saúde.

Para justificar a mudança, a pasta argumentou que não há relação entre o uso da vacina e a morte de uma adolescente de 16 anos no interior de São Paulo, entre outros pontos.

A apuração sobre esta morte foi citada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no último dia 16 como uma das razões para retirar a orientação de vacinar o grupo de 12 a 17 anos sem comorbidade.

Integrantes do ministério que acompanham a discussão estimam que a Saúde deve mandar o primeiro lote de vacinas direcionado aos adolescentes sem comorbidade em até duas semanas.

A nota de recuo também reforça que estes jovens só podem receber as vacinas da Pfizer, a única aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o grupo de 12 a 17 anos.

A decisão de retirar os adolescentes sem comorbidades da campanhha de imunização foi feita às pressas no último dia 15 e sem conhecimento dos técnicos do PNI (Programa Nacional de Imunizações), gestores do SUS, diretores da Anvisa.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus apoiadores pressionaram o ministro da Saúde a rever regras para vacinação contra a Covid-19 de adolescentes.

Queiroga nega que agiu por pressão do presidente.

Após a decisão, os conselhos de secretários de saúde de estados (Conass) e municípios (Conasems) não recomendaram suspender a vacinação e criticaram Queiroga.

As entidades também cobraram posição da Anvisa, que havia aprovado o uso do imunizante da Pfizer para jovens de 12 a 17 anos mesmo sem comorbidade. Na ocasião, a agência disse que investigava relatos de reações adversas, mas que não havia razão para mudar a bula da vacina.

Tanto a Anvisa quanto o Ministério da Saúde e a Secretaria da Saúde de São Paulo concluíram que o óbito não teve relação com o imunizante, mas o ministério até então não tinha voltado atrás.

Integrantes da Saúde dizem que um relatório apontando que não há relação entre a morte e o uso da vacina da Pfizer foi entregue no começo desta semana. A nota de recuo foi assinada pela Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo.

A nova mudança de postura da Saúde ocorre no momento em que o ministro Marcelo Queiroga está isolado em Nova York para cumprir quarentena. Ele testou positivo para Covid-19 nesta terça (21).

Nesta terça, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou que cabe a estados, municípios e Distrito Federal a decisão de promover a imunização de adolescentes maiores de 12 anos, desde que observadas as recomendações dos fabricantes das vacinas, da Anvisa e de autoridades médicas.

Lewandowski afirmou que a decisão da pasta não foi amparada por evidências acadêmicas ou critérios científicos e técnicos estabelecidos por organizações reconhecidas.

O ministro ainda destacou, com palavras em negrito, que a corte já demonstrou que a campanha de vacinação no país deve se guiar por evidências científicas e análises estratégicas pertinentes.

As informações são da Folha.

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