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Amazonas

Diretor de OS diz que governo do Amazonas deixou leitos vazios no auge da pandemia

Morreu gente no Amazonas com mais de 100 leitos já pagos pelo contribuinte. Isso é muito grave, é criminoso”, afirmou o deputado estadual Wilker Barreto (Podemos).

O diretor executivo da Organização Social de Saúde (OSS) que administra o Hospital Delphina Aziz, José Luiz Gasparini, disse à CPI da Saúde da Assembleia Legislativa, na última sexta-feira, que o governo do amazonas, via Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), mesmo com 100% de disponibilidade dos leitos na unidade hospitalar, disponibilizou apenas 50,73% para atendimento da população durante o pico do coronavírus no Amazonas.

O depoimento de José Luiz Gasparini, que é diretor executivo do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) no Amazonas, revoltou o deputado estadual Wilker Barreto (Podemos).

Para o parlamentar, a decisão do Executivo pela não ocupação dos leitos vagos no Delphina em meio ao pico da Covid-19 custou vidas da sociedade amazonense. Ao todo, a unidade somava 352 leitos, e 176 vagas deixaram de ser utilizadas desde abril, quando iniciou o aditivo de R$17 milhões por parte do Estado à OS.

“Enquanto o povo batia nas portas dos hospitais pedindo socorro, tinha 50% de leitos disponíveis no Delphina, o próprio diretor da OS afirmou que deixou tudo equipado, mas quem era o responsável pela regulação era a Susam. Morreu gente no Amazonas com mais de 100 leitos já pagos pelo contribuinte. Isso é muito grave, é criminoso”, afirmou Wilker.

O diretor do INDSH explicou, ainda, que enviava informações sobre vagas de leitos em tempo real para o complexo regulador e que a Susam era a responsável pela remoção e transferência dos pacientes, o que para Barreto, comprova que o Governo tinha conhecimento da quantidade de vagas no Delphina.

“Isso materializa que tanto o governador e o vice tinham conhecimento que existiam leitos sobrando no Delphina e nada fizeram. Foram culpados, omissos e deveriam ser presos. Qual é a diferença de um 38 engatilhado na cabeça e deixar um cidadão morrendo sem ar por conta do Covid?”, questionou o deputado.

O presidente da CPI da Saúde, deputado estadual Delegado Péricles (PSL), disse que “é absurdo aceitarmos que, diante de todos o caos vivenciado por nossa população no mês de abril, e do desordenamento direcionamento de pacientes para todas as unidades de saúde existentes, leitos estavam prontos, mas não foram utilizados por decisão de gestão. Vamos investigar esse fato, não deixando de lado, o fato de que a OS gerida pelo senhor Luiz também tem recebido valores cheios por serviços não executados em sua integralidade”.

De acordo com Péricles, o diretor da organização seguiu discurso adotado pela contadora Thayane de Souza, de que o pagamento integral por diversos meses, mesmo sem a devida prestação de serviços, é o trâmite normal e correto na prestação de serviços de uma OS.

“Mais uma vez a OS tenta nos convencer de que o valor recebido por ela, cerca de R$17 milhões, foi repassado ´cheio´ porque ela disponibiliza neste total esses serviços. Alegou, ainda, ter feito o pagamento 100% para clínicas médicas prestadoras de serviços, mesmo que elas não tenham cumprido 100% dos plantões necessários. É estranho aceitar que as empresas médicas receberam também sem prestar serviços. Repito: não tem como na administração ter esse valor exato e essa igualdade de custos sem nenhuma mudança de acordo com agravamento ou suavização da situação enfrentada”, continuou.

Ainda durante reunião, membros da CPI levantaram a possibilidade de levar para depor o responsável pelo chamamento da OS, realizado ainda em 2018. “Se ficar claro que o secretário de saúde da época foi o responsável pela escolha da Organização e na elaboração direta na formulação deste edital, o chamaremos para prestar os devidos esclarecimentos à essa CPI”, disse Péricles.