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Brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze velejam até o ouro e são bicampeãs das Olimpíadas

A vitória em Enoshima é a 19ª medalha olímpica do Brasil nesse esporte, um dos mais vitoriosos do país no evento esportivo.

Martine Grael e Kahena Kunze, com a medalha de ouro. (Foto: Carlos Barria/Reuters)

O lugar mais alto do pódio nas Olimpíadas, em duas edições consecutivas, confirma o favoritismo pré-Jogos e reafirma o que hoje fica mais evidente em águas japonesas: as brasileiras, parceiras desde 2013, tornaram-se um fenômeno da vela nos últimos anos.

A vitória em Enoshima é a 19ª medalha olímpica do Brasil nesse esporte, um dos mais vitoriosos do país no evento esportivo.

Com exceção das modalidades coletivas, antes do bicampeonato de Martine e Kahena apenas Adhemar Ferreira da Silva havia ganhado duas medalhas de ouro em edições consecutivas dos Jogos Olímpicos. A façanha dele no salto triplo foi alcançada em Helsinque-1952 e Melbourne-1956.

Desde então, nem mesmo Robert Scheidt e Torben Grael, cada um com cinco medalhas olímpicas na vela, duas delas de ouro, conseguiram subir ao principal lugar do pódio em sequência.

“É uma honra ter o nome ao lado dos que fizeram nome no esporte. Ainda não caiu a ficha, né”, disse Kahena, após a conquista.

Martine Grael e Kahena Kunze, ambas com 30 anos, têm dado sequência a uma tradição não só brasileira no cenário mundial como também familiar.

Pai de Martine, Torben Grael é recordista de medalhas olímpicas (cinco no total) entre brasileiros —ao lado do também velejador Robert Scheidt, que terminou em oitavo na classe laser nos Jogos de Tóquio.

Segundo ele, Tóquio-2020 foi uma competição muito difícil para a dupla brasileira. “Elas tiveram alguns obstáculos que nunca tinham acontecido. Na primeira regata, estavam super bem, e a escuta do balão ficou presa entre a asa e o barco, e [elas] acabaram caindo pra 15º Esse segundo ouro foi um desafio grande”, disse.

Para Torben, a vitória da filha vale muito mais do que as medalhas que o próprio conseguiu na carreira. “Você, quando está competindo, está entretido. Não tem muito espaço para emoção. Não tem nada para fazer [de fora], só torcer. E é muito mais emocionante pra mim ver uma medalha dela do que ganhar uma medalha, porque ver meus filhos bem-sucedidos é muito bom”, afirmou o brasileiro.

Nesta terça, na chamada regata da medalha, nas águas da ilha de Enoshima, as duas velejadoras foram ousadas na estratégia, ao abrir a largada numa direção diferente das demais, e conseguiram tirar a pequena vantagem obtida pelas holandesas Annemiek Bekkering e Annette Duetz ao fim das 12 regatas que precedem a decisiva.

“Eu dei uma olhada no píer, onde estavam torcendo, antes da gente descer com o barco, e vi uma diferença de corrente bem grande. Eu sou do Rio, de Niterói, conheço bem a baía de Guanabara, e sabemos que a diferença de corrente favorece um lado ou outro”, explicou Martine, a pedido da Folha, sobre a estratégia de última hora.

“Conseguimos ir bem livre na direita e acho que ter ido rápido e livre foi a chave hoje porque estava com pouco vento. Se você fica no bolo, acaba não tendo muito o que fazer”, acrescentou a medalhista.

Pelas regras olímpicas, os barcos disputam num circuito um número determinado de regatas antes da prova decisiva. No caso da categoria 49er FX, foram 12.

O vencedor de cada uma ganha um ponto, o segundo colocado leva dois, e assim segue pelas 21 duplas (no caso dessa categoria) da disputa.

Se um barco não termina uma regata ou é desclassificado, recebe pontuação equivalente ao total de competidores e um ponto adicional. Por exemplo: se 20 barcos estão na competição, quem é penalizado dessa maneira leva 21 pontos.

A pior pontuação nas regatas é descartada, e a chamada “medal race” conta em dobro. Ganha quem tem menos pontos no fim de tudo.

Martine e Kahena chegaram à prova final dependendo só delas. E conseguiram, mais uma vez.

Durante as regatas da semana, as brasileiras mostraram por que são um fenômeno. Por duas vezes terminaram em primeiro lugar, ainda conseguiram uma segunda colocação e chegaram em terceiro na regata final.

Há cinco anos, a vitória olímpica veio em casa, nos Jogos do Rio, na presença de familiares e amigos. Elas foram carregadas nas areias da Baía de Guanabara.

Nos Jogos de Tóquio-2020, Martine Grael e Kahena Kunze viveram outra realidade. Distância das pessoas do Brasil, isolamento na chegada ao Japão e falta de público devido à pandemia da Covid-19.

Em comum, no entanto, além do calor e beleza das duas praias, a medalha olímpica, reafirmando a dupla brasileira como uma das mais talentosas da vela.

Além das duas medalhas, elas acumulam o ouro no Mundial de 2014 e quatro pratas na mesma competição, em 2013, 2015, 2017 e 2019. Ainda colecionam um ouro (2019) e uma prata (2014) em Pan-Americanos.

As informações são da Folha.

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