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Amazonas

Nota Técnica do Ipea cita “imunização de rebanho” em agravamento da pandemia no Amazonas

Sob o “guarda-chuva” de opiniões que diziam que se tinha alcançado “imunização de rebanho”, autoridades e população passaram a seguir vida normal”, diz o estudo.

“Nos meses que seguiram, com o arrefecimento da primeira onda no estado (Amazonas) e sob o “guarda-chuva” de opiniões que diziam que se tinha alcançado “imunização de rebanho”, autoridades e população passaram a seguir vida normal”, quando todos os Estados se encontravam distantes do que seria uma imunidade de rebanho e para um local atingir tal situação (imunidade de rebanho), acarretaria enormes custos em vidas e em cuidados hospitalares.

As informações fazem parte da Nota Técnica 25, de abril deste ano, da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com o título ‘O papel das estruturas territoriais na propagação da Covid-19 na fronteira amazônica”.

“Assim, sem a condução responsável para o enfrentamento da doença, alheios ao perigo devido manutenção da circulação sustentada do vírus e em razão das festividades de final de ano, período característico por aglomerar pessoas, a contaminação se elevou abruptamente no estado, formando o que se convencionou designar por segunda onda”, diz a nota.

Segundo o estudo, “com grande capacidade de transmissão, a nova onda colapsou rapidamente o sistema de saúde pública, primeiro em Manaus e logo atingindo algumas cidades do interior do estado, que já comungavam de restrição de recursos e insumos, o que foi agudizado pelo elevado volume de doentes hospitalizados entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, repetindo o cenário dramático já visto nos meses de abril e maio de 2020.

A partir do mês de junho de 2020, segundo a nota do Ipea, o Amazonas conseguiu diminuir as hospitalizações e os óbitos, sem, contudo, eliminar a ameaça da doença; iniciou-se, assim, o processo de flexibilização das medidas de distanciamento 14 social. O Decreto 42.330, de 28 de maio de 2020 estabeleceu os parâmetros para reabertura de vários setores econômicos. Os artigos do decreto definiram o cronograma de reabertura das atividades, as condições e os protocolos para o funcionamento. O começo das atividades foi nos primeiros dias do mês de junho de 2020, quando o estado registrava a média de 11 óbitos por dia em razão da Covid-19.

O estudo também diz que em Manaus, o descontrole da doença ocorreu ao longo do último mês de 2020. Com estrutura de serviços de saúde muito concentrada, sobretudo os de alta complexidade, a saturação do sistema teve início então nas primeiras semanas de 2021. Segundo especialistas, o descontrole na transmissão da contaminação impulsiona mutações do vírus, algumas delas identificadas no Amazonas e até de linhagens genéticas encontradas primeiro em Manaus, a exemplo da P1.

Em relação às estruturas territoriais e aos desdobramentos da primeira onda da pandemia no Amazonas, é possível verificar que a região contou com mais flancos de entrada da doença: densa malha aérea, rede hidroviária importante, rodovias e passagens de fronteira. Se, por um lado, as grandes distâncias e a precariedade da rede de circulação, substancialmente fluvial, têm dificultado o deslocamento de pessoas doentes pela Covid-19 para os serviços de atendimentos de média e alta complexidade, limitados às principais centralidades, por outro, isso não conseguiu barrar a rápida disseminação da contaminação pelos mais longínquos e pobres rincões do arco Norte.

Como a propagação do vírus está relacionada à mobilidade, as infraestruturas ligadas à circulação e conexão territorial, os aeroportos, rodovias e portos que conectam as cidades em várias escalas, desde a global até o local, desempenharam papel preponderante nesse processo. Diante do contexto atual, essas infraestruturas, bem como as fronteiras terrestres, foram definidas como cenários de introdução e dispersão da Covid-19 nos planos estaduais de contingência do novo coronavírus no estado do Amazonas.

Em se tratando das trocas e da circulação das mercadorias na região Norte, outras infraestruturas territoriais – os portos internacionais e o polo industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM) – foram definidos como importantes cenários na mobilidade de vetores de propagação da contaminação pela Covid-19 nos planos de contingência do Amazonas.

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