Amazonas
Jornal El País informa que submarino com droga para a Europa passou pelo Amazonas
Um submarino com três toneladas de droga saiu de Letícia, na fronteira com a Colômbia, viajou pelo Rio Amazonas e pelo Atlântico até chegar na costa ibérica, onde abortou a missão.
O site do jornal espanhol El País informou que um submarino com três toneladas de droga saiu de Letícia, na fronteira com a Colômbia, viajou pelo Rio Amazonas e pelo Atlântico até chegar na costa ibérica, onde abortou a missão. Foram 26 dias no submarino com cocaína que atravessou o Brasil, diz a reportagem publicada neste dia 24 de dezembro, véspera de Natal.
De acordo com o El País, Agustín Álvarez pegou um avião em Madri com destino ao Brasil em 25 de outubro. Com 29 anos, os diversos títulos de navegação que possuía – o último, de piloto de lancha – em sua cidade natal, Vigo (Pontevedra, Espanha), iriam lhe servir para realizar a missão mais arriscada de sua vida: atravessar da América à Europa em um semissubmersível de 20 metros de comprimento de popa a proa com 3.000 quilos de cocaína a bordo. Um curso acelerado de navegação em um rio, dois equatorianos com experiência náutica como colegas de travessia, 20.000 litros de combustível, um pagamento de 100.000 dólares (408.000 reais) adiantado e um destino a 9.000 quilômetros: 3.000 quilômetros de trajeto fluvial mais 6.000 pelo Atlântico até a Galícia”.
“Zarparam pelo rio de algum local remoto da região de Letícia”, capital do departamento do Amazonas e extremo sul da Colômbia, dizem fontes da Polícia Nacional da Espanha, que prossegue com a investigação além das fronteiras galegas: “Foi ampliada a Madri e Colômbia”. “O mar agitado ao chegar à costa espanhola e os problemas do motor, além do fato de ninguém aparecer para recolher a mercadoria, fizeram com que eles afundassem a embarcação na praia de Hío (Pontevedra) e tentassem escapar, mas sua ideia era voltar para recuperar a droga depois”, dizem fontes da investigação da chamada Operação Baluma, dirigida pela titular de um tribunal da região, Sonia Platas.
As mesmas fontes apontam os atuais grandes clãs do tráfico de drogas galego, “o de El Burro e o de El Pastelero” como os principais suspeitos. Álvarez era uma peça fundamental nessa missão quase suicida, como se deduz dos depoimentos que os tripulantes deram a colegas de cela e a funcionários da prisão, já que se negaram a depor à polícia. Ocorreram falhas do motor (“novo e de 2.000 cavalos de potência”, de acordo com fontes da investigação), problemas de ventilação no navio e até perda dos víveres e da água que levavam. “Restavam somente alguns chocolates de marca brasileira quando chegaram”, dizem fontes da investigação. “Antes de tentar fugir, se desfizeram do telefone por satélite e dos equipamentos eletrônicos que levavam, que não foram encontrados”, acrescentam.
Foram 26 dias em uma pequena embarcação que podia submergir até a dois metros de profundidade para evitar os radares dos barcos da Marinha e dormindo em catres sobre 152 pacotes de droga. Tiveram bom tempo quase até chegar à Espanha, segundo seus depoimentos, mas no décimo dia surgiu o primeiro problema mecânico. Os dois tubos que saem da popa, que servem para injetar ar no motor, quebraram. De acordo com seus relatos, o ar do submarino se tornou irrespirável.
Incapazes de consertar, apesar de um dos equatorianos ser mecânico, se viram obrigados a abrir a escotilha durante algumas horas por dia para ventilar a nave até chegar à terra. Antes —e sempre segundo o relatado na prisão pelos tripulantes—, em um movimento do mar também perderam a bolsa com víveres e água que a embarcação levava pré-amarrada e ligada ao casco. E, por último, se rompeu o depósito de óleo, que impregnou toda a nave, incluindo os pacotes de cocaína.
Por fim, desesperados, após uma primeira tentativa malsucedida de se aproximar da costa na cidade do Porto (Portugal), e após vários dias recebendo coordenadas diferentes da organização para entregar a mercadoria sem que ninguém aparecesse, veio a tentativa de fuga a nado com roupas de neoprene na praia de Hío, pertencente a Aldán (Cangas de Morrazo), na Galícia. O amplo dispositivo policial mobilizado na região, após um alerta da DEA (Drug Enforcement Administration, a Agência Antidrogas, ligada ao Departamento de Justiça dos EUA), acabou com as pretensões dos tripulantes.
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