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Zelensky e Lula acertam encontro na ONU, mas divergem em saída para guerra

O ucraniano vai pedir que Lula aceite seu plano de paz como base para uma negociação

Foto: Ricardo Stuckert

Após desencontros e um mal-estar diplomático, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vão finalmente se reunir nesta quarta-feira (20), em Nova York, no que será a primeira conversa bilateral entre os dois líderes de forma presencial.

O Palácio do Planalto confirmou ao UOL que o encontro está marcado para ocorrer pela parte da tarde e que o convite foi feito pelo brasileiro. Ambos estão na cidade americana para participar da Assembleia Geral da ONU.

O ucraniano vai pedir que Lula aceite seu plano de paz como base para uma negociação, quer que o Brasil organize uma reunião entre Kiev e a América Latina e pedirá que o país coloque pressão sobre Moscou.
Há uma perspectiva de que Zelensky também reforce o convite para que Lula faça uma visita ao país. O brasileiro irá em 2024 para a cúpula do Brics, na Rússia. Em outras ocasiões, porém, Lula afastou a possibilidade de que a viagem possa ocorrer.

Já o brasileiro vai insistir com o ucraniano de que o plano não tem como prosperar se não incluir as preocupações russas de segurança e que é necessário negociar uma saída pacífica.

No mesmo dia, Lula também estará com Joe Biden, o presidente dos EUA. Ainda que oficialmente a reunião com o americano seja para lidar da questão de direitos trabalhistas, assessores do Planalto acreditam que a crise ucraniana será mencionada.

Desde que assumiu a Presidência, Lula vem defendendo um possível papel do Brasil num processo de mediação diplomática para encerrar a guerra que eclodiu em fevereiro de 2022. Para isso, porém, seus assessores têm insistido que ele precisa manter contatos de mais alto nível tanto com Kiev como com Moscou.

De fato, o embaixador Celso Amorim foi um dos poucos interlocutores que esteve tanto com Zelensky, na capital ucraniana, como com Vladimir Putin, no Kremlin.

Mas Zelensky insiste que o Brasil precisa adotar uma postura mais contundente na condenação à invasão russa. A diplomacia nacional tem outra percepção e alerta que a única saída para a guerra será uma negociação política que permita que os interesses de ambos os lados sejam contemplados. Para Amorim, a guerra deve ser entendida como mais um episódio da histórica rivalidade entre o Ocidente e russos e que as “legítimas” preocupações do Kremlin sobre sua segurança precisam ser consideradas.

Lula, logo no início de seu governo, vetou qualquer gesto de apoio militar aos ucranianos, apesar da pressão de potências ocidentais. Na ONU nesta semana, o governo brasileiro deve condenar, uma vez mais, a agressão de Moscou.

Mas não dá sinais de que está disposto a aceitar os termos do plano de paz que Zelensky sugere. Para ele, os russos devem se retirar de todos os territórios ocupados para que haja uma negociação. Vladimir Putin, presidente russo, já chegou a dizer a interlocutores brasileiros que tal exigência significaria a capitulação de Moscou.
Mal-estar

Lula e Zelensky já mantiveram uma reunião por videoconferência. Na ocasião, o ucraniano pediu apoio do Brasil para que seu plano pudesse prosperar. Mas Lula alertou que não existe um plano de paz unilateral que tenha tido êxito na história.

A reunião ainda tenta superar um mal-estar criado durante a cúpula do G7, em maio. Naquele momento, Zelensky não apareceu ao encontro marcado com Lula, apesar de o brasileiro ter oferecido três horários diferentes ao ucraniano.

Dentro do governo, o gesto foi interpretado como uma tentativa do ucraniano de reduzir o papel internacional que o presidente brasileiro tentava assumir, numa possível mediação do conflito.

As informações são do UOL.

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