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Mais de 90% dos títulos da maior emissora de crédito de carbono do mundo são inúteis, diz estudo

Gucci, Salesforce, Shell, easyJet e até a banda Pearl Jam já compraram créditos de carbono da Verra, empresa que lidera esse mercado.

Títulos de compensação de carbono emitidos pela empresa Verra, a principal do setor, são inúteis e podem acelerar processo de aquecimento global, segundo estudo feito pelo jornal “The Guardian”, pela revista alemã “Die Zeit” e pela ONG “SourceMaterial”. As informações são do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.

A pesquisa analisou os projetos de reflorestamento da Verra e descobriu que apenas oito dos 29 projetos mostraram evidências de reduções significativas do desmatamento.

A análise mostrou ainda que os créditos de 21 projetos da Verra não trouxeram benefício climático, sete tiveram entre 98% e 52% menos impacto ambiental do que o anunciado e apenas um projeto teve um impacto ambiental 80% acima do anunciado.

A falta de ação prática faz com que 94% dos títulos de compensação de carbono emitidos pela empresa sejam inúteis, sem nenhum benefício climático.

Empresas como Gucci, Salesforce, Shell, easyJet e até mesmo a banda Pearl Jam compraram títulos da Verra, que lidera um mercado que movimentou US$ 2 bilhões em 2021. A empresa foi fundada em 2009 e desde então emitiu mais de um bilhão de títulos de carbono.

Os títulos de carbono são uma maneira de as empresas conseguirem reduzir sua pegada ambiental ao vender emissões em formas de créditos para companhias dedicadas a medidas de recuperação ambiental, como reflorestamento e recuperação de áreas devastadas.

O estudo levanta suspeitas sobre os títulos de carbono comprados por diversas grandes empresas internacionais – com algumas delas vendendo produtos sob a bandeira de serem “neutros em emissão de carbono” ou adotando discurso de que os consumidores que podem voar, comprar roupas novas ou comer certos alimentos sem o peso na consciência de estar prejudicando o meio ambiente.

Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende reunir com presidentes de países amazônicos para discutir soluções em defesa da região e “para saber se esse famoso crédito de carbono existe mesmo”.

A declaração do presidente foi dada em entrevista exclusiva à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, exibida na noite de quarta-feira (18).

O tema Amazônia foi um dos assuntos na conversa de 55 minutos. Foi a primeira entrevista exclusiva de Lula após assumir seu terceiro mandato presidencial, em 1º de janeiro deste ano.

“Estou tentando marcar uma reunião com os presidentes da Amazônia, com Equador, Colômbia, Peru, Venezuela, Bolívia e Guiana Francesa, para que a gente discuta uma política continental para preservar nossa Amazônia e saber se esse famoso crédito de carbono existe mesmo, para poder você ter dinheiro para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na Amazônia”, disse Lula.

Crédito de carbono é um conceito criado a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, e que passou a ser adotado em 2005.

A ideia é que a redução das emissões de gases que causam efeito estufa passem a ter valor econômico. É como um certificado que os países, empresas ou pessoas compram para diminuir a responsabilidade sobre a emissão dos gases poluentes.

Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de carbono emitido.

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