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Economia

Mesmo com desemprego recorde, empresas brasileiras têm dificuldade de contratar pessoal de nível técnico

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que, no setor, faltarão 300 mil profissionais nos próximos dois anos.

Fábrica multinacional em SP tem dificuldade de contratar profissionais. (Foto: Divulgação/Jungheinrich)

O Brasil nunca teve tantos desempregados. São quase 15 milhões sem trabalho, mas mesmo assim empresas reclamam de dificuldades para preencher vagas, inclusive de nível técnico e operacional. As informações são do site Metropoles.

Candidatos para vagas de ensino médio na indústria que não conseguem ler um manual ou não têm conhecimentos básicos de matemática, jovens que tentam um posto no setor de serviços mas têm dificuldades para enviar um e-mail ou mandar sua documentação às empresas de maneira digital, além de não saberem se expressar corretamente na comunicação com os clientes.

Esses são alguns dos relatos feitos por executivos e recrutadores das empresas que têm dificuldades de prencher vagas mesmo com tanta gente em busca de trabalho.

O impacto da pandemia na educação, particularmente no ensino médio, e o avanço da digitalização nos negócios agravam o problema, que economistas apontam como mais um obstáculo para a recuperação da economia.

— Estamos vivendo um apagão de mão de obra, isso é categórico — resume o economista Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que, no setor, faltarão 300 mil profissionais nos próximos dois anos, segundo Felipe Morgado, gerente-executivo de Educação Profissional do Senai.

— Formamos só 11% (dos estudantes) em ensino técnico no Brasil contra 42% na União Europeia. Dos formados no Senai, 72,5% são empregados em até um ano. Em 2021, subiu para 74%. Novas tecnologias digitais estão sendo inseridas na indústria. É uma rotina mais automatizada, que aumenta a necessidade de profissionais mais qualificados — diz Morgado.

Henriques lembra que a parcela de jovens com ensino técnico chega a 70% em alguns países da OCDE (que reúne nações desenvolvidos).

Na multinacional alemã de intralogística Jungheinrich, por exemplo, onde muitos processos requerem conhecimento em automação, elétrica e eletrônica, a dificuldade de encontrar profissionais piorou na pandemia, segundo a gerente de RH, Thalyta Haertel:

— Sempre houve dificuldade na qualificação de técnicos, mas agora não conseguimos nem contratar quem esteja cursando, pois houve evasão das escolas. Percebemos essa deficiência nos estagiários que ficaram só no EAD (ensino a distância).

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