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MPT denuncia Sérgio Camargo por perseguição e assédio na Fundação Palmares, diz TV

Em um trecho da ação exibida na edição de domingo, 29/8, do Fantástico, da TV Globo, o MPT afirma que Sérgio Camargo “contaminou todo o ambiente de trabalho e gerou terror psicológico”.

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, classificou como “livramento” ter perido amizades por apoiar Bolsonaro. (Foto:Pedro Ladeira/Folhapress)

O MPT (Ministério Público do Trabalho) denunciou o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, por assédio moral, perseguição ideológica e discriminação. A ação foi protocolada na última sexta-feira (27) pelo órgão após 16 funcionários prestarem depoimentos sobre comentários racistas e acusações contra servidores considerados por Camargo como “esquerdistas”.

Em um trecho da ação exibida na edição de domingo, 29/8, do Fantástico, da TV Globo, o MPT afirma que Sérgio Camargo “contaminou todo o ambiente de trabalho e gerou terror psicológico” dentro da Fundação Palmares.

Camargo foi nomeado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e se define como um “negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto e livre”. Em diversos momentos, ele se posicionou nas redes sociais contra a promoção da cultura afro-brasileira — ainda que esse seja o foco da Fundação Palmares.

Os relatos dos 16 funcionários convergiram ao apontar que Sérgio cometia assédio moral e perseguição ideológica ao promover uma “caçada de esquerdistas”. A ação se referia ao ato de avisar aos funcionários do órgão que o avisassem caso algum dos funcionários fosse de esquerda.

A intenção seria identificá-los para afastar do cargo. O UOL entrou em contato com o MPT para ter acesso à ação divulgada pelo Fantástico. Até o momento da publicação desta matéria, não houve resposta.

O site também entrou em contato com a Fundação Cultural Palmares para saber se a instituição ou Sérgio Camargo gostariam de se manifestar sobre o caso e não houve retorno.

Camargo fala em “vermes de esquerda”

Nas redes sociais, Camargo agradeceu aos apoiadores e afirmou que “lida com vermes de esquerda” desde muito antes da sua nomeação ao cargo na fundação de valorização afro-brasileira.

Diante da investigação do MPT, Sérgio disse estar “ouvindo sonatas de Franz Schubert, com o mestre alemão do piano Wilhelm Kempff, e dando blocks na esquerdalha imunda”. A publicação de Camargo foi feita minutos após a veiculação da matéria na TV Globo sobre a investigação do MPT.

O pianista Wilhelm Kempff, citado por Sérgio Camargo, realizou concertos como forma de propagandear e fortalecer o regime nazista na Alemanha.

Amigos e parentes se afastaram

Mais cedo, Camargo disse que amigos e familiares se afastaram e “deram as costas” porque ele “apoia e acredita” no presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Apesar do cenário, ele considerou como “livramento” a rejeição de pessoas próximas devido aos seus posicionamentos políticos.

“Perdi muitos amigos, ex-colegas de redação e alguns familiares me deram as costas porque apoio e acredito em Jair Bolsonaro. Se estou chateado? Tudo livramento!Sérgio Camargo Tudo livramento!”, publicou Sérgio Camargo.

A declaração acontece em um momento de avanço das tensões entre os três Poderes gerada por ataques contra as instituições feitas por bolsonaristas e pelo próprio presidente.

Contra a postura dele, organizações do movimento negro brasileiro chegaram a acionar a ONU (Organização das Nações Unidas) para denunciar Camargo pela violação dos direitos humanos.

A ação inédita ocorreu no final de julho deste ano. O apelo enviado foi assinado pela Coalizão Negra por Direitos, entidade que reúne 200 grupos e coletivos negros para promover ações conjuntas de incidência política nacional e internacional.

Em uma de suas falas, Camargo chegou a dizer que o movimento negro é uma “escória maldita formada por vagabundos”. Em outros momentos, abordou o legado de figuras da cultura afro-brasileira como Zumbi dos Palmares, a quem chamou de “falso herói”. Ações como essa, segundo o relatório enviado à ONU, configuram o esvaziamento do histórico de lutas e contribuições dos movimentos negros na construção da sociedade brasileira.

As informações são do UOL.

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