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Brasil

Lares da região Norte lideram insegurança alimentar grave, revela pesquisa da Rede Penssan

A pesquisa diz que a região Norte tem 7,5% dos habitantes do Brasil, mas abriga 14,9% do total daqueles(as) que passam fome.

A região Norte apresentou também um número maior de moradores(as) por domicílio.. (Foto:Valter Calheiros)

A insegurança alimentar grave (a fome), que afetou 9,0% da população brasileira como um todo, esteve presente em 18,1% dos lares do Norte e em 13,8% do Nordeste. Os dados fazem parte do estudo da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) divulgado nesta quinta-feira, 28/10, com base nas informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa revela que a região Norte tem 7,5% dos habitantes do Brasil, mas abriga 14,9% do total daqueles(as) que passam fome. O levantamento foi realizado no período de 05 a 24 de dezembro de 2020 com moradores(as) de 1.662 domicílios urbanos e 518 domicílios rurais. O estudo não informou dados por estados, apenas por região.

A região Norte apresentou também um número maior de moradores(as) por domicílio e consequentemente maior de densidade demográfica nessas habitações (46% com 1 cômodo por pessoa). A insegurança hídrica, medida pelo fornecimento irregular ou mesmo falta de água potável, atingiu 40,2% e 38,4% dos domicílios do Nordeste e Norte, respectivamente, percentuais quase três vezes superiores às proporções de inadequação de fornecimento de água das demais regiões.

Tanto a maior aglomeração domiciliar como o abastecimento irregular de água são duas condições que aumentam a transmissão pessoa a pessoa do vírus SARS-CoV-2, com o agravante de ocorrerem com maior frequência nos domicílios e nas regiões mais pobres do país.

Norte e Nordeste

O Norte e o Nordeste concentram domicílios com menor proporção de segurança alimentar (SA) e a maior de Insegurança Alimentar (IA) moderada e grave. A SA foi inferior a 40% no Norte e a 30% no Nordeste; em contrapartida, a IA grave foi de 18,1% na região Norte, e 13,8% no Nordeste. Ou seja, comparando às proporções de IA grave das regiões Sul/Sudeste, as regiões Norte e Nordeste tiveram três e duas vezes mais domicílios expostos à forma mais grave da IA, respectivamente.

Nas regiões Nordeste e Norte do país foram observados os maiores percentuais Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil de perda de emprego, de redução dos rendimentos familiares, do endividamento e corte nas despesas com aquisição de itens considerados essenciais para a família, todos referidos como efeito da pandemia. Cerca de 60% das pessoas entrevistadas das regiões Norte e Nordeste solicitaram e receberam auxílio emergencial, percentual próximo de 50% nas demais regiões.

As desigualdades regionais aparecem também nos dados que indicam que os moradores(as) de cerca de 25% dos domicílios do Norte e do Nordeste viviam com rendimentos mensais per capita abaixo de ¼ do SMPC, em contraste com os das regiões Sul/Sudeste e Centro Oeste, cujo percentual era inferior a 10%. Acrescente-se, ainda que, no Norte e Nordeste do país, em mais de 50% dos domicílios, viviam famílias com rendimentos mensais per capita de até ½ SMPC, percentuais muito superiores aos das demais regiões.

A pesquisa diz ainda que do total de 211,7 milhões de pessoas, 116,8 milhões conviviam com algum grau de IA (leve, moderada ou grave). Destes, 43,4 milhões não contavam com alimentos em quantidade suficiente para atender suas necessidades (IA moderada ou grave). Tiveram que conviver e enfrentar a fome, 19 milhões de brasileiros(as).

 

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