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Brasil

IA antecipa zonas com maior risco de desmatamento na Amazônia Legal

O novo sistema já está rodando e é avaliado positivamente pelos órgãos de defesa do meio ambiente.

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O trabalho estatal de combate ao desmatamento no Brasil incorporou mais um aliado em 2025. Desenvolvido por uma equipe da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), um novo modelo de inteligência artificial agregado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) é capaz de antecipar em várias semanas as zonas com maior risco de desmatamento na Amazônia Legal.

O sistema de IA instalado em agosto, batizado de Deforestation Prediction System, substituiu um modelo antigo de predição, utilizado há alguns anos como referência para o MMA e, especialmente, ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama).

“O Ibama vinha usando um sistema de previsão de desmatamento baseado em uma técnica chamada máxima entropia, que é relativamente antiga. As pessoas estavam conscientes do avanço vertiginoso da área de inteligência artificial e acharam que seria o caso de tentar pegar modelos mais modernos e testar para ver se eles podiam dar uma previsão com maior precisão”, explicou o professor Raul Queiroz Feitosa, coordenador-geral do projeto.

O convite à equipe foi feito por sugestão do coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas (PAMZ+) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Cláudio Almeida.

Durante o desenvolvimento, a equipe da universidade avaliou quatro modelos de IA diferentes, adaptando as abordagens ao problema-alvo, que era a previsão de desmatamento.

Em termos de cobertura espacial, o Deforestation Prediction System faz previsões para toda a área da Amazônia Legal brasileira.

O sistema identifica os fatores ligados ao desmatamento iminente, usando a base de dados históricos disponibilizada pelo INPE por meio de plataformas como Deter e Prodes, e pontos como a rede hidrográfica; proximidade de rodovias; limites de áreas protegidas e terras indígenas; padrões climáticos; e, especialmente, os registros de desmatamento – a tendência histórica é que novos episódios ocorram próximo a locais já afetados.

“Do ponto de vista temporal, pois isso é um diferencial importante, ele faz previsão do desmatamento no chamado curto prazo. Isso é importante em relação a outros modelos de previsão, que fazem previsões daquilo que tem o potencial de ser desmatado, digamos, ao longo do próximo ano. No modelo que foi desenvolvido, a grosso modo, a taxa de erro dessas previsões é aproximadamente 1/4 do que era a taxa de erro do modelo anterior”, destacou Raul Queiroz Feitosa, coordenador-geral do projeto.

O novo sistema está rodando na plataforma Terra Brasilis, do INPE, e já é avaliado positivamente pelo ministério e pelos órgãos de defesa do meio ambiente.

“Nós temos feito parcerias para poder otimizar e trazer mais eficiência nas ações de fiscalização e controle de desmatamento em centros florestais com essas tecnologias”, apontou o secretário extraordinário do Controle do Desmatamento, André Lima.

“Esse é um processo de aprimoramento contínuo. Isso otimiza e dá mais efetividade para as ações de prevenção. Porque o nosso propósito é que o desmatamento não aconteça, portanto é bom chegar antes”, ressaltou.

Na avaliação de Lima, o ganho para o combate ao desmatamento com a incorporação de novas tecnologias é essencial para resultados positivos.

“Hoje, por exemplo, assim que se detecta o desmatamento, sabendo qual é a localização, qual é o imóvel onde ocorre o desmatamento, é possível fazer o chamado embargo cautelar remoto em escala, ou seja, é possível pegar vários polígonos de desmatamento em um mesmo ato administrativo, o que dá maior eficiência à fiscalização”, frisou.

“A gente começa a poder se antecipar e olhar para onde é a tendência de desmatamento e já usa isso, por exemplo, quando define os municípios prioritários para prevenção e controle de desmatamento em centros florestais na Amazônia, que hoje são 81 municípios de um total de mais de 750 em toda a Amazônia Legal”, disse André Lima, secretário extraordinário do Controle do Desmatamento.

O secretário pontua que a nova tecnologia tem ajudado, porém a principal estratégia segue sendo a fiscalização in loco.

“Importante lembrar que o uso da tecnologia não substitui em hipótese alguma a necessidade de presença física, de presença de campo, tanto dos fiscais do Ibama, do ICMBIO, da Polícia Federal, ou seja, essa presença física do Estado na fronteira dinâmica do desmatamento, ela é crucial”, ponderou.

“As ferramentas, a inteligência artificial, as tecnologias de sensoriamento remoto, elas são complementares para guiar essa ação presencial e para dar maior escala para as ações de controle do desmatamento”, destacou.


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