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Brasil

Estudo da Prevent Senior sugere que hidroxicloroquina em pacientes leves pode reduzir internações

Pesquisadores ressaltaram que eficácia do tratamento não está comprovada e que uso não deve ser feito sem acompanhamento médico

Um estudo realizado pela Prevent Senior mostrou que o uso da combinação de hidroxicloroquina com azitromicina em pacientes com sintomas leves de infecção por coronavírus reduziu em 2,8 vezes o risco de internações. A pesquisa foi publicada hoje (17) na medRxiv, plataforma online que recebe artigos médicos antes de serem revisados. Foram avaliados 636 pacientes, com idade média de 62 anos.

“Nosso estudo mostrou que o uso empírico e consentido desses medicamentos em pacientes de alto risco, no início dos sintomas pode ser benéfico, seguro e reduzir a necessidade de internação, que é o principal problema da Covid-19”, disse à Veja o cardiologista Rodrigo Barbosa Esper, que liderou a pesquisa.

A maior parte dos participantes do estudo era do sexo feminino, 13,4% tinham diabetes, 26,5% hipertensão, 7,7% obesidade, 2,7% fumavam e todos moravam em São Paulo e apresentavam sintomas de gripe.

Inicialmente, os pacientes foram atendidos por telemedicina e àqueles que se incluíam nos critérios, definidos como a presença de sintomas leves de gripe por pelo menos três dias e ausência de problemas de saúde como retinopatia grave, doença hepática grave, miastenia grave, ampliação conhecida do QT e insuficiência renal, era oferecida a possibilidade de receber o tratamento experimental.

Portanto, mesmo mediante recomendação médica, cabia aos próprios pacientes decidirem se queriam ou não receber o tratamento. Dos 636 participantes, 412 aceitaram receber o tratamento e foram considerados como o grupo de intervenção e 224 não aceitaram e foram considerados grupo controle.

De acordo com os pesquisadores, as características clínicas iniciais foram semelhantes entre os dois grupos, exceto por uma maior taxa de diabetes e AVC no grupo de tratamento. As pessoas que receberam o tratamento também apresentaram maior prevalência de sintomas de gripe que o grupo controle, como febre, tosse, dispneia, diarreia, mialgia, coriza e dor de cabeça.

Os pacientes que aceitaram receber o tratamento tomaram uma dose de 800 miligramas de hidroxicloroquina no primeiro dia e 400 mg do medicamento por outros seis dias. A azitromicina foi administrada nos primeiros cinco dias, em uma dose diária de 500 miligramas.

Os resultados mostraram que 1,9% dos pacientes tratados com hidroxicloroquina e azitromicina precisaram ser internados, em comparação com 5,4% do grupo controle. Quando o grupo de tratamento foi separado em relação ao dia de início do medicamento, aqueles que iniciaram o tratamento em até sete dias após o início dos sintomas tiveram uma taxa de hospitalização menor do que aqueles que começaram o uso do medicamento sete dias após o início dos sintomas (1,17% e 3,2%, respectivamente).

“Em nosso estudo, a cada 28 pacientes que iniciaram o tratamento quando ainda tinham sintomas leves, uma internação foi evitada. Pode parecer pouco, mas para um sistema de saúde que já está sobrecarregado e em que o tempo de internação é de 15 a 20 dias e a maioria dos pacientes internados precisaria de respirador, o uso desse tratamento empírico pode ajudar a salvar o sistema de saúde”, diz Esper.

Os efeitos colaterais apresentados por quem tomou o medicamento foram diarreia, náusea, tontura, vômito, distúrbios visuais e alergia. Duas mortes foram relatadas no grupo de intervenção, uma por síndrome coronariana aguda e uma por câncer metastático. De acordo com os pesquisadores, a causa dos óbitos não estava associada ao tratamento.

“A hidroxicloroquina é cerca de 40% menos tóxica que a cloroquina e é considerado pela Organização Mundial da Saúde como um dos os medicamentos mais eficazes, seguros e econômicos necessários em um sistema de saúde”, escreveram os autores no estudo.

Todos os pacientes que receberam o medicamento eram pacientes com alto risco de complicações para coronavírus, que receberam orientação médica para iniciar o uso do medicamento e foram informados de que este ainda não é um tratamento com eficácia comprovada.

“Não quero que esse estudo gere uma histeria coletiva em relação à hidroxicloroquina. O uso consentido não pode ser feito sem avaliação nem acompanhamento médico. Além disso, é essencial que o paciente saiba que a eficácia do tratamento não está comprovada e assim decidir se quer tomar ou não. Os pacientes não podem, em hipótese nenhuma, tomar o medicamento por conta própria”, ressalta o cardiologista.

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