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Covid-19 deixa ao menos uma sequela em 65% dos infectados no Brasil, aponta estudo

O dado é um alerta de que, mesmo com o arrefecimento da pandemia, os efeitos da pandemia de coronavírus devem perdurar nos pacientes por um longo período de tempo.

Paciente com Covid longa é examinada (Foto:Reuters)

A Covid-19 deixou pelo menos uma sequela em 65% dos pacientes no Brasil. A perda de olfato ou paladar foi o problema de maior prevalência: cerca de 30% daqueles que foram infectados pelo Sars-CoV-2 relataram o problema.

O dado é um alerta de que, mesmo com o arrefecimento da pandemia, os efeitos da pandemia de coronavírus devem perdurar nos pacientes por um longo período de tempo e impactar o sistema de saúde brasileiro.

“A saúde pública vai estar sobrecarregada com isso”, resume Lígia Kerr, epidemiologista, vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e professora da UFC (Universidade Federal do Ceará).

A conclusão do número de sequelas por pacientes é do Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), um estudo realizado por ligação telefônica em todas as regiões do Brasil. No total, foram entrevistados cerca de 9.000 participantes durante o primeiro trimestre de 2022.

A pesquisa foi realizada pela organização de saúde Vital Strategies e pela Ufpel (Universidade Federal de Pelotas). O inquérito também é fruto de parceria com outras entidades, como a Abrasco.

Cada participante poderia indicar, durante a entrevista, mais de uma complicação que surgiu após a infecção por Sars-CoV-2 –vírus que causa a doença.

As sequelas ocasionadas pela Covid –também conhecidas como Covid longa– ainda são pesquisadas pela comunidade médica e científica. Um estudo recente listou os 62 sintomas mais comuns para pessoas que apresentam a complicação crônica.

No entanto, ainda restam dúvidas de como o vírus causa essas condições após a fase aguda da Covid-19 e também de qual o período em que elas persistem.

“Como é algo novo, nós não sabemos o que é para sempre e o que não é”, afirma Luciana Sardinha, uma dos pesquisadores que lideraram o Covitel e assessora técnica em epidemiologia e saúde pública da Vital Strategies. Ela diz que o dado final de 65% pacientes com sequelas foi uma surpresa.

As incertezas sobre a duração das complicações preocupam Sardinha porque elas podem impactar os sistemas de saúde. Ela explica que já existe uma sobrecarga de atendimento em razão dos procedimentos que foram paralisados durante os momentos de pico da pandemia. Com as sequelas, outros problemas de saúde advindos da Covid-19 devem perdurar no país.

“Percebemos que é muito grave [o índice de sequelas no Brasil] e isso precisa ser olhado agora que as coisas estão normalizando em relação a Covid”, diz.

Ponto semelhante é citado por Lígia Kerr, da Abrasco. Ela diz que é importante conscientizar a população de que, embora haja as vacinas, ainda é necessário tomar medidas preventivas contra o Sars-CoV-2 a fim de não colocar em risco o desenvolvimento de sequelas pela infecção.

Kerr afirma que estudos já observaram como a reinfecção pelo vírus ocasiona maiores chances para o surgimento de Covid longa. “É como se ocorresse um acúmulo [de riscos para sequelas].”

Como as vacinas atuais não têm alta capacidade de barrar a infecção pelas variantes mais recentes do patógeno, a adoção de outros cuidados, como uso de máscara e higienização das mãos, são recomendados por ela.

A epidemiologista também alerta sobre como a Covid-19 pode piorar condições clínicas que os pacientes já apresentavam antes da infecção viral, como diabetes. “Não é só o aparecimento [de novas complicações], mas o agravamento de condições pregressas”, diz.

Segundo ela, doenças crônicas como essas que podem ser pioradas pelo coronavírus representam problemas de gastos ao SUS.

“As doenças crônicas têm um componente de custo alto”, afirma.

A informação é da Folha de São Paulo.

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