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Conselho Nacional de Justiça alerta para fenômeno das holdings do crime organizado na Amazônia

O CNJ quer identificar os cabeças dessas organizações e os clientes que dela se beneficiam nessa grande engrenagem criminosa.

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Uma investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) descobriu verdadeiras holdings do crime na floresta amazônica, segundo informou, nesta sexta-feira, a coluna Radar, da revista Veja. O trabalho foi realizado pelo conselho em parceria com a Associação de Magistrados do Brasil e com a Associação Brasileira de Jurimetria.

Traficantes e milicianos se uniram a políticos corruptos e pistoleiros para formar operações — já foram encontradas no Acre e na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, mas estão em outras regiões amazônicas — que atuam em diferentes ações criminosas. Uma única organização, por exemplo, consegue lucrar contrabandeando madeira, drogas e ouro do garimpo ilegal.

“É o caso de uma organização criminosa encontrada no garimpo denominado Serra do Caldeirão, na fronteira com a Bolívia, em processo do Mato Grosso. O mesmo fenômeno ocorreu no Acre. Também há relatos de garimpeiros que utilizam as aeronaves também para drogas. O que demonstra que a relação entre crimes ambientais e tráfico de drogas está muito mais forte e ligada do que se pensou anteriormente, sendo que esse modus operandi criminoso está perpassando vários estados do Norte do país. A cadeira de corrupção de agentes públicos para crimes ambientais também abre margem para a corrupção em favor de outros crimes mais graves”, diz o relatório do CNJ.

O CNJ quer identificar os cabeças dessas organizações e os clientes que dela se beneficiam nessa grande engrenagem criminosa. “Se deve pensar em políticas que priorizem a apuração macro e sistêmica desses crimes, preponderando a identificação do mandante ou dos líderes dessas organizações criminosas, bem como dos segmentos econômicos que delas dependem, e não simplesmente a ponta da autoria”, diz o relatório.

A Amazônia tem se consolidado como um dos epicentros da atuação do crime organizado no Brasil. Ao menos 22 facções, como Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e até organizações estrangeiras, disputam o controle de rotas em Estados brasileiros da região, segundo relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Como reflexo disso, a taxa de mortes violentas intencionais (MVI) por lá foi de 33,8 para cada 100 mil habitantes no último ano, 45% superior à média nacional. As disputas entre facções afetam quase um terço da população da Amazônia (31,1%), o que eleva a percepção de insegurança dos moradores.


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