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Amazonas

Zona Franca de Manaus deve fechar 2021 com um aumento de quase 20% no faturamento

Para 2022, perspectivas são melhores para custos, mas persiste preocupação com atividade lenta e com emprego e renda enfraquecidos.

Depois de ver a produção desestabilizada pela segunda onda da pandemia e as consequentes restrições ao funcionamento das fábricas, no início do ano, a indústria do polo de Manaus deve fechar 2021 com aumento de quase 20% no faturamento, em termos nominais. Para 2022, se de um lado há uma expectativa positiva com o arrefecimento de custos como o do frete e a esperada normalização do fornecimento de insumos, de outro há preocupação com a queda da atividade econômica e seu efeito sobre o mercado de trabalho e a renda das famílias. As informações são do jornal Valor Econômico.

De acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no acumulado até setembro, dados mais atuais, o faturamento total do Polo Industrial de Manaus (PIM) cresceu 42,27%, para R$ 116,6 bilhões. É quase todo o resultado de 2020, de R$ 119,7 bilhões, ano em que a receita já tinha superado a do período pré-pandemia. Em 2021, o faturamento deve fechar perto de R$ 140 bilhões, diz Wilson Périco, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).

Périco pondera que a indústria da região repassou para o consumidor o aumento de custos, mas as margens foram prejudicadas. “Houve o impacto dos custos logísticos e dos insumos. Em 2019, o frete de um contêiner de 40 pés da Ásia para Manaus custava US$ 2.500. Neste ano, pagamos US$ 25 mil. Esse acréscimo de custos reflete no faturamento porque as empresas tiveram que repassar”.

Quanto ao volume de produção, o IBGE mostra que no ano, até outubro, a indústria do Amazonas — concentrada em Manaus — cresceu 9,4% sobre o mesmo período de 2020, quando recuou 8,4%. É um desempenho acima da média nacional (alta de 5,7%). Dos dez setores acompanhados pelo IBGE, sete têm saldo positivo na produção, com destaque para motos e acessórios, que contribuiu com alta 4 pontos percentuais para a alta do ano, bebidas (2,76 pontos) e plástico (1,34 ponto).

Produtos de metal, que engloba itens como ar condicionado e micro-ondas, também contribuiu com 0,42 ponto. O segmento de informática, eletrônicos e produtos ópticos destoou, com 1,75 ponto negativo de contribuição para o total.

“Foi um ano bom quando comparado ao ano passado”, afirma Périco, para quem o indicador que mostra que a atividade do polo industrial está numa linha ascendente é o número de empregos, que chegou a 103 mil, aumento de 7,5% ante 2020.

Segundo ele, o BEm, programa de manutenção de emprego do governo, vigente durante parte do ano, ajudou a indústria local não demitir.

Eletrodomésticos

Jorge Nascimento, presidente-executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), tem avaliação parecida e diz que alguns fatores beneficiaram parte dos produtos da região durante a pandemia.

“O lockdown estimulou a compra de toda uma gama de eletrodomésticos, de chapinha de cabelo a aspirador de pó, e beneficiou a indústria de Manaus”, afirma. E um 2021 mais frio que o normal na região Sudeste estimulou a demanda por aparelhos de ar condicionado quente-frio, acrescenta.

De acordo com dados da Eletros, a produção de ar condicionado do tipo Split cresceu 48% no ano até setembro e o ar condicionado de janela subiu 35%. A fabricação de micro-ondas aumentou 49%. Na contramão, a produção de TVs caiu 12% no período, por causa da sazonalidade e problemas na cadeia de suprimentos, afirma Nascimento. “O carro-chefe do mercado de TVs é a Copa, que vai ocorrer no ano que vem. E junto a isso a falta de semicondutores afetou a produção”.

A Zona Franca produz 100% das TVs, aparelhos de ar condicionado e micro-ondas fabricados no país e 70% dos monitores de vídeo.

A produção de motos, que também é concentrada na região, tem tido bom desempenho e cresceu 26% no ano até novembro sobre o mesmo período do ano passado. Em unidades, 1,12 milhão de veículos, foi o melhor resultado em seis anos, apesar de a indústria local ter deixado de produzir cerca de 100 mil unidades no primeiro bimestre por causa da segunda onda da covid-19 em Manaus.

Segundo a Abraciclo, que reúne a indústria do setor, os modelos de entrada e de baixa cilindrada, muito utilizadas por entregadores e transporte de baixo custo, lideram a demanda.

Bicicletas em alta

Já a indústria de bicicletas conseguiu aumentar a produção em 15% até novembro, mas avalia que poderia ter sido melhor caso não faltassem insumos.

Cerca de 50% dos itens dessa indústria são importados. Segundo a Abraciclo, com a demanda mundial em alta, a escassez de peças deve persistir até para 2022. Além de disputar lugar no orçamento das famílias com os serviços, que retomaram após a vacinação contra a covid-19, o aumento de custos ainda pesa na operação das empresas.

“Nossos principais insumos estão muito caros. O aço subiu 90%, o plástico, 40%. A energia elétrica disparou”, diz o presidente-executivo da Eletros. E a inflação alta deixa menos renda disponível. Ele observa que a “Black Friday”, melhor momento para a venda de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, foi decepcionante este ano.

Nascimento vê preços do frete internacional menores, mas ainda altos até pelo menos 2023. Quanto aos insumos, como os semicondutores, se a variante ômicron não embaralhar novamente a oferta global, espera-se uma regularização no início do próximo ano.

Nascimento e Périco preferem não fazer projeções para 2022. “Há no setor quem preveja aumento de 7% no faturamento, mas neste momento está tudo muito incerto”, afirma Périco.

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