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Amazonas

Governo quer usar reservatórios de usinas da Amazônia para criar peixes

A hidrelétrica de Balbina tem projeção de produzir 26,3 mil toneladas por ano, seguida por Samuel, com 8,3 mil e Curuá-Una, 1,8 mil toneladas.

Seis reservatórios da região amazônica já foram escolhidos pelo governo para instalação de milhares de gaiolas de criação de peixe. Nestes rios que foram embarreirados para geração de energia, seria liberada a criação de “peixes nativos”, ou seja, espécies encontradas na própria região.

Informações confirmadas à reportagem pela Secretaria de Pesca do Ministério da Agricultura apontam que os lagos escolhidos são os das hidrelétricas de Belo Monte, Balbina, Jirau, Santo Antônio, Samuel e Curuá-Una.

O governo já projeta, inclusive, um potencial de criação para cada reservatório. Belo Monte, que destruiu boa parte da condição natural de pesca do rio Xingu, conforme atestam diversos laudos técnicos do Ibama, teria capacidade de produção de até 202 mil toneladas de peixe por ano, segundo o relatório do governo. No rio Madeira, os lagos de Jirau e Santo Antônio estão projetados para entregar 415 mil e 422 mil toneladas por ano, respectivamente.

A hidrelétrica de Balbina tem projeção de produzir 26,3 mil toneladas por ano, seguida por Samuel, com 8,3 mil e Curuá-Una, 1,8 mil toneladas. Segundo o secretário da pesca, Jorge Seif Júnior, não há autorização nem planos para colocar tilápia nestes reservatórios.

A realidade é que a construção em si de cada uma dessas hidrelétricas acabou com boa parte das espécies que habitavam suas águas antes de as usinas chegarem. Isso acontece porque o rio, depois de barrado, se transforma em outro tipo de habitat. As águas, mais paradas nos reservatórios, afastam várias espécies acostumadas com corredeiras.

Usinas como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio possuem uma estrutura conhecida como “escada de peixe”, basicamente um canal de concreto que simula obstáculos para que os peixes que estão abaixo da barragem passem por ali e sigam rio acima. Muitas espécies, porém, morrem após essa subida. Isso ocorre porque, para fazer essa travessia, os peixes se esforçam e demandam muito oxigênio. Quando chegam no reservatório, porém, exaustos após a subida, encontram uma água parada do lago, com baixo índice de oxigênio.

Segundo os dados que a Secretaria de Pesca recebeu da Agência Nacional de Águas (ANA), as 73 barragens teriam capacidade de produzir 3,883 milhões de toneladas de peixes por ano. Destas 73, 60 teriam criação de tilápias e mais uma espécie nativa. Outra 13 seriam usadas apenas para espécies nativas.

“Na parte amazônica, não se tem ideia de cultivar nenhuma espécie exótica. Podemos até cultivar, mas não espécie exótica, mas sim nativas, que já é uma realidade de produção na região”, diz o secretário da pesca, Jorge Seif Júnior. “A Amazônia tem um grande potencial para produção de peixes como tambaqui, pirapitinga, matrinxã, entre outros. Não existe liberação por parte do Ibama para produção de peixes exóticos nesta bacia.”

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