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Brasil

Manaus foi a capital com 3º maior aumento de temperatura nos últimos anos, aponta estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)

O ano passado foi extremamente seco na Amazônia, em parte devido ao El Niño, em parte ao Atlântico com temperaturas acima da média.

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Manaus foi a capital de estado no Brasil com a terceira maior aumento (2,073 °C) de temperatura em relação ao período de 1940-1970), de acordo com análise da pesquisadora Ana Paula Cunha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que calculou a anomalia de calor na temperatura média dos municípios em 2024 em relação à média histórica.

manaus-foi-a-capital-com-3o-maOs dados foram publicados pelo jornal O Globo no último fim de semana (18/01). O Brasil ferveu em 2024, mas São Paulo, Paraná e partes da Amazônia torraram ainda mais. Municípios paulistas e paranaenses chegaram a até 3,2ºC a mais do que a média da temperatura anual do período de 1940-1970, o mais distante que se consegue avançar no país sem perder a confiabilidade, explicam cientistas.

No ano passado, o mundo enfrentou o maior calor da História e superou pela primeira vez 1,5ºC de elevação em relação à média do período pré-industrial, marca considerada crítica para o equilíbrio climático.

—Nossa análise não se refere ao período pré-industrial porque a incerteza seria muito grande frente à escassez de dados. Mas se vê claramente que os anos de 2023 e 2024 só potencializaram uma tendência de aquecimento que já ocorria há décadas—salienta Cunha.

O cálculo foi feito pela combinação de bancos de dados baseados em informação de satélites e medições. A pesquisadora usou como dados do ERA5, do serviço climático europeu Copernicus.

Pedrinhas Paulista (SP) lidera o ranking de fervura com3,24ºC, seguido pelos vizinhos Florínea (SP,3,22ºC), Sertaneja (PR, 3,22ºC) e Cruzália (SP, 3,21ºC). Municípios da região contígua do Norte do Paraná e do Oeste de São Paulo praticamente se alternam no ranking dos 30 com aumento de 3ºC acima da média de temperatura nos
Últimos 80anos. Apenas dois não ficam lá: Caracaraí, em Roraima, em 25º lugar; e Barcelos, no Amazonas, em 30º.

—O território brasileiro não aquece de forma homogênea. É um país continental e algumas áreas esquentam mais do que outras por uma série de fatores — sublinha Cunha.

Nada menos do que 975 municípios tiveram aumentos de 2ºC a 2,99ºC, em sua maioria no Sudeste e Sul. São Paulo e Paraná mais uma vez lideram a fornalha, com, respectivamente,454 e 220 municípios. Depois vem Minas Gerais, com159.

O Espírito Santo ficou em quarto, com 49, e o Mato Grosso do Sul, em quinto, com 41. Vêm na sequência Amazonas (16), Acre (12), Roraima (11), Rio de Janeiro (dez) e Pará (três).

O aquecimento de 1,5ºC a 1,99ºC foi apontado em 1.318 municípios. Mas em quase todo o país houve algum grau de aquecimento, diz Cunha.

O meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador de operações do Cemaden, frisa que os números assustam. Segundo ele, o excesso de calor é resultado da combinação de fatores globais, como o aumento de temperatura devido às mudanças climáticas e ao El Niño, e locais, como significativa parte do território desmatada e ocupada por plantações, pastagens ou simplesmente terras de solo degradado.

— Meio grau Celsius acima da média do ano todo já é muito. Mas tivemos alguns lugares com mais de 3ºC acima da média do ano. É uma barbaridade—afirma Seluchi.

Partes da Amazônia ficaram mais de 2ºC acima da média e isso também tem a ver com a falta de chuva. O ano passado foi extremamente seco na Amazônia, em parte devido ao El Niño, em parte ao Atlântico com temperaturas acima da média.

Cunha enfatiza que a seca nas regiões mais aquecidas em 2024 tem conexão. Os chamados rios voadores transportam umidade da Amazônia para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Se a Amazônia sofre com a seca, as consequências são sentidas nas áreas que dependem da umidade que sai dela.

Embora a análise tenha sido por município e abranja períodos em que alguns deles não existiam formalmente, isso não faz diferença. O território brasileiro foi estudado em sua totalidade e repartido em células independentes da divisão geopolítica. Depois de pronto, foi sobreposto para o cálculo pela área ocupada por município.


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