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Trump anuncia que vai deixar hospital militar nesta segunda-feira e pede para não temerem a Covid-19

O presidente dos Estados Unidos está internado desde sexta-feira passada (2) no Centro Médico Nacional Walter Reed para tratar do novo coronavírus.

Depois de três dias de informações contraditórias sobre o seu estado de saúde, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que deixará o Centro Médico Nacional Walter Reed nesta segunda-feira, às 18h30. Ele está internado desde sexta-feira, depois de ter sido sido diagnosticado com a Covid-19. “Não tenham medo da Covid”, escreveu no Twitter o chefe da Casa Branca e candidato à reeleição. As informações são do jornal O Globo.

“Sentindo-me muito bem. Não tenham medo da Covid. Não deixem que ela domine sua vida. Desenvolvemos, no governo Trump, remédios realmente muito bons e conhecimento. Sinto-me melhor do que há 20 anos”, disse, na primeira informação oficial sobre sua condição divulgada nesta segunda-feira, quando, diferentemente do fim de semana, não houve coletiva dos médicos responsáveis por seu tratamento no final da manhã.

A entrevista da equipe médica aconteceu à tarde, cerca de 20 minutos depois do anúncio do presidente. Sean Conley, médico-chefe da Casa Branca, afirmou que “nas últimas 24 horas, o presidente continuou a melhorar”. Ele disse que Trump receberá outra dose do antiviral remdesivir e “então planejamos levá-lo para casa”.

“Embora ele possa não estar totalmente fora de perigo ainda, [seu estado] sustenta o retorno do presidente em segurança”, disse Conley. “Ele cumpriu ou superou todos os critérios para obter alta hospitalar”.

Perguntado se o passeio de Trump em um carro fechado no domingo e a sua volta à Casa Branca são medidas seguras, Conley disse.

“O presidente está cercado por equipes médicas e de segurança há dias, usando EPI completo. E ontem os agentes do Serviço Secreto dos EUA estavam usando o mesmo nível de equipamentos de segurança, por um período muito curto de tempo”, afirmou. “A equipe médica fez recomendações sobre como desempenhar com segurança suas funções na Casa Branca, onde vários assistentes deram positivo”.

Desde domingo Trump tinha dado mostras de que estava ansioso para voltar à campanha — primeiro com o passeio de carro para cumprimentar apoiadores ao redor do hospital, criticado por especialistas médicos, e nesta manhã com uma sucessão frenética de 20 tuítes em pouco menos de duas horas. Nas mensagens, ele pediu que o povo americano vote e reforçou alguns dos pontos de sua campanha, como “lei e ordem” e a defesa do porte armas.

Em resposta ao tuíte de Trump reivindicando vitória contra a Covid-19, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, o acusou de “politizar o vírus”:

“Ele não deveria lidar com isso politicamente para fazer parecer que superou o vírus porque tinha boas políticas, porque na verdade ele tem sido muito destrutivo e perigoso para o país”.

Conley se recusou insistentemente a responder quando o presidente teve seu último teste de coronavírus negativo — desconfia-se que a doença foi constatada antes de ser divulgada oficialmente pelo próprio Trump, na madrugada da última sexta-feira.

No domingo, a equipe médica de Trump havia informado que o quadro do presidente era de melhora e que ele poderia receber alta nesta segunda-feira. De volta à Casa Branca, o republicano continuaria a fazer seu tratamento contra a Covid-19, segundo informaram.

Desde que foi diagnosticado com o vírus, Trump usou medicamentos que vão de um coquetel de anticorpos sintéticos ao remdesivir, um antiviral que teve seu uso liberado em caráter de emergência pela FDA, a Anvisa americana.

No domingo, os médicos informaram que ele estava sendo medicado também com dexametasona — um corticoide de ação anti-inflamatória e recomendado apenas para quadros graves da Covid-19. Essa informação levantou ainda mais dúvidas a respeito do estado de saúde do presidente. Sobre esta droga específica, Conley disse que “pacientes recebendo medicação são enviados de volta para casa o tempo todo”.

Ainda nesta segunda, Conley admitiu que o presidente recebeu oxigênio suplementar duas vezes, depois  de quedas no nível de oxigenação do seu sangue, que chegou a 93%, quando o normal é acima de 96%. Anteriormente, ele confirmara apenas uma administração de oxigênio.

Quadro incerto

De acordo com o coordenador da Frente de Diagnóstico da Força-Tarefa da Unicamp contra a Covid-19, Alessandro Farias, as informações passadas pela própria equipe médica do presidente — como o uso dos remédios dexametasona e remdesivir — indicam que o estado de saúde de Trump é mais grave do que querem mostrar. O especialista considera imprudente sua volta imediata à Casa Branca.

“Embora não tenhamos todas as informações sobre o quadro de Trump, o fato de ele ter recebido oxigênio e usado dexametasona e remdesivir indicam que não é um caso leve. Pelo que entendemos dessa doença e de seus tratamentos, não é prudente ele voltar à Casa Branca agora”, afirmou Farias.

O pesquisador disse também que recomenda-se que o remdesivir seja usado em ambiente hospitalar. Nesta segunda, soube-se que a secretária de Imprensa da Casa Branca,  Kayleigh McEnany, e dois de seus assistentes estão com Covid-19. Com isso, são agora 14 pessoas do círculo de Trump contaminadas com a doença.

Tudo indica que o primeiro foco de infecção foi o evento na Casa Branca, em 26 de setembro, no qual o presidente apresentou sua indicada para a vaga de Ruth Ginsburg na Suprema Corte, Amy Coney Barret.

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