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Presidente da Tunísia suspende Parlamento e destitui primeiro-ministro; oposição acusa golpe

Decisão foi tomada em meio a uma profunda crise política que paralisa o país há meses e após intensos protestos contra as autoridades.

Presidente da Tunísia, Kais Saied, anuncia dissolução do Parlamento e do governo do primeiro-ministro Mechichi. (Foto: Fethi Belaid/ AFP)

O presidente da Tunísia, Kais Saied, anunciou na noite deste domingo,25/7, a destituição do primeiro-ministro, Hichem Mechichi, e a suspensão das atividades parlamentares por 30 dias, intensificando dramaticamente a crise política que assola o país. Grandes manifestações a favor do presidente foram registradas na capital após a decisão, acusada de golpe pela oposição.

Saied disse que assumirá o poder Executivo com a ajuda de um novo primeiro-ministro, no maior desafio até então para o sistema democrático que o país introduziu com a revolução de 2011, na primeira erupção do que depois ficou conhecido como Primavera Árabe e agitou o Oriente Médio.

Em um comunicado transmitido pela televisão, o presidente alegou que as ações estavam de acordo com a Constituição, que citou para suspender a imunidade dos parlamentares.

— Muitas pessoas foram enganadas pela hipocrisia, foram traídas e tiveram seus direitos roubados — disse ele, que alertou: — Advirto a quem pensar em recorrer a armas e a quem disparar um tiro, as Forças Armadas responderão com balas.

O presidente do Parlamento e líder do partido islâmico moderado Ennahda, Rached Ghannouchi, acusou Saied de lançar “um golpe contra a revolução e a Constituição”.

— Consideramos que as instituições ainda estão de pé e os apoiadores do Ennahda e do povo tunisiano defenderão a revolução — disse Ghannouchi por telefone à Reuters.

O líder de outro partido, Karama, e o ex-presidente Moncef Marzouki também se juntaram ao Ennahda para chamar de golpe o movimento de Saied.

— Peço ao povo tunisiano que preste atenção ao fato de que eles imaginam que este seja o começo da solução. É o começo de uma situação ainda pior — disse Marzouki em um vídeo.

Multidões inundaram rapidamente a capital e de outras cidades após o anúncio, com pessoas soltando fogos de artifício, buzinando e aplaudiando a notícia.

— Nos livramos deles — disse Lamia Meftahi, uma mulher que celebrava no centro de Túnis, falando do Parlamento e do governo. — Este é o momento mais feliz desde a revolução.

Horas depois da declaração, veículos militares cercaram o prédio do Parlamento enquanto as pessoas nas proximidades aplaudiam e cantavam o hino nacional, disseram duas testemunhas.

O presidente está envolvido em disputas políticas com Mechichi há mais de um ano, enquanto o país enfrenta uma grave crise econômica, uma iminente crise fiscal e uma resposta instável à pandemia da Covid-19.

As informações são de O Globo.

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