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Preço do petróleo já subiu 60% em 2021; valor do barril no mundo é o maior desde 2014

No Brasil, o problema é agravado pela cotação do dólar, que sobe ainda cerca de 5% neste ano, depois de já ter avançado 30% no ano passado.

Exploração de petróleo. (Foto: Nick Oxford_Reuters)

Não é só no Brasil que a gasolina e outros combustíveis estão caros. Uma parte dessa história reflete o que está acontecendo lá fora: o preço do barril de petróleo, negociado em bolsas internacionais, não para de subir e está nos maiores valores em anos – superando com folga, inclusive, os preços de antes da pandemia.

O WTI, um dos tipos de barris de referência no mercado global, listado em Nova York, passou no início de outubro a marca dos US$ 80, algo que não acontecia desde 2014, ano derradeiro do último grande ciclo de alta das commodities.

Só em 2021, sua alta é de 66%: o WTI saiu de uma cotação de US$ 48 por barril no começo do ano, ainda pressionada pelas baixas que a pandemia causou na economia global, para perto dos US$ 80 na última sexta-feira (12).

O Brent, outro tipo de petróleo negociado em Londres, sobe 57% em 2021 e está cotado em US$ 81 atualmente, maior valor desde 2018.

Logo antes da epidemia de coronavírus se espalhar pelo mundo, no início de 2020, o preço de ambos vinha mais ou menos estável na casa dos US$ 60.

No Brasil, o problema é piorado pela cotação do dólar, que sobe ainda cerca de 5% neste ano, depois de já ter avançado 30% no ano passado. A moeda hoje é negociada na faixa dos R$ 5,45.

Com a conversão do preço internacional do barril para reais, o preço do petróleo e seus derivados fica ainda mais salgado para os brasileiros: até o reajuste mais recente feito pela Petrobras, em outubro, o litro do diesel nas refinarias já subiu 65% desde o começo do ano e, da gasolina, 73%.

Barril a US$ 120

A má notícia é que, para muitos especialistas, não só esses preços devem demorar a começar a ceder, como sequer chegaram ao pico. Ou seja: a não ser que o câmbio mude completamente a trajetória e ajude a compensar, a tendência é que, sim, os combustíveis possam ficar ainda mais caros no Brasil.

O banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs fala em um barril chegando aos US$ 90 ainda neste ano – e “se persistir [a pressão da demanda], há risco de que o preço passe dos US$ 90”, escreveu o banco em relatório no final de outubro.

Para o Bank of America, o Brent ainda tem fôlego para bater a casa dos US$ 120 na primeira metade do ano que vem, antes de voltar para a mesma casa dos US$ 80 atuais ao fim de 2022 e em 2023 inteiro.

“O petróleo é uma commodity mundial, então o que sempre explica as altas ou quedas de seu preço é a pura e simples lei da oferta e da demanda”, diz o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues.

As commodities são todos os produtos básicos, como petróleo, metais e grãos, negociados em bolsas de valores, de maneira parecida a ações.

Por trás das altas do petróleo, está uma sucessão de descompassos entre a produção e a procura pelo produto que se desencadearam da pandemia para frente. Veja os principais fatores:

Retomada rápida da demanda e lenta da oferta
Logo que a pandemia se espalhou pelos vários países e paralisou o mundo, na primeira metade do ano passado, a demanda por petróleo despencou e, com ela, os preços, que afundaram aos menores valores do século.

O retorno da economia, porém, foi rápido, mas os produtores, paralisados pelo susto, não conseguiram responder à mesma velocidade. O resultado é uma demanda que já voltou aos níveis pré-pandemia para uma oferta que ainda não é a mesma – e a consequência natural é o desequilíbrio no preço.

“Muitos produtores, mesmo as grandes companhias, deixaram de investir, de fazer novas perfurações; muitas empresas de xisto dos Estados Unidos [de pequeno e médio porte] quebraram”, explica Rodrigues, do CBIE.

“A produção de um campo de petróleo não é como um interruptor, que é só ligar. As empresas têm sempre que estar prospectando novas áreas, que demoram quatro ou cinco anos para ser desenvolvidas. Não é um retorno rápido.”

Opep sem pressa

Para apimentar as limitações da oferta, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem resistido em acelerar o ritmo de ampliação de produção de seus campos.

O grupo reúne 13 países, entre eles Arábia Saudita, Irã e Venezuela, que, juntos, possuem 80% das reservas mundiais de petróleo.

Em 2020, em resposta à total paralisia do consumo, o cartel reduziu sua produção em 10 milhões de barris por dia, para evitar que os preços da principal fonte de receita de seus países despencassem ainda mais.

Agora, optaram por uma retomada gradual, de aumentos mensais equivalentes a 400 mil barris por dia. É como usar um copo para reencher uma piscina que esvaziou pela metade.

Transição energética

Um fenômeno que já começa a ser colocado na conta dos preços em alta da energia é a transição cada vez mais real e acelerada de vários países e empresas da matriz fóssil para fontes mais limpas.

Os choques de preço vistos neste ano, porém, já levam muitos a questionar se o mundo estava pronto para essa velocidade.

“O Reino Unido, por exemplo, começou a tirar o carvão da matriz elétrica, por questões ambientais, mas, agora, está todo mundo correndo atrás do gás natural, e o preço do gás aumentou mais de sete vezes”, diz Rodrigues.

Com o gás multiplicando seus preços lá e em outros países, como nos EUA, indústrias que dependem dele acabam procurando outros combustíveis – o que está redundo em mais procura pelo petróleo.

“Há uma preocupação ambiental enorme hoje, os bancos estão reduzindo financiamento [a fontes fósseis] e as empresas reduziram drasticamente os investimentos”, diz Rodrigues.

“Por outro lado, as tecnologias renováveis ainda não conseguiram suprir toda a necessidade de consumo do petróleo, e o resultado é o que estamos vendo.”

A informação é da CNN Brasil.

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