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Desmatamento da Amazônia ampliou risco de calor no Brasil, diz chefe de agência da ONU

Taalas explicou que a “evaporação que ocorre normalmente numa floresta tropical ameniza essas temperaturas”. Com a derrubada de árvores, o impacto muda.

O desmatamento na Amazônia tem um impacto direto na seca e no calor que a região enfrenta. O alerta é de Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, uma agência da ONU. “Está bastante claro que desmatamento na Amazônia gerou a uma seca na região e, claro, com seca, há maior risco de maiores temperaturas”, disse Taalas, em declarações ao UOL nesta quarta-feira.

Ele apresentou hoje seu informe anual sobre as emissões de gases de efeito estufa, indicando um novo recorde de concentração. Os dados servem como um alerta para os governos que, no final do mês, se reúnem para a COP28, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.

Taalas explicou que a “evaporação que ocorre normalmente numa floresta tropical ameniza essas temperaturas”. Com a derrubada de árvores, o impacto muda.

Questionado se esse desmatamento e a seca poderiam afetar as temperaturas no Brasil, ele foi taxativo: “Claro”.

“Temos exemplos da historia. A região da costa do mar Mediterrâneo era florestado. Veja a bandeira do Líbano que tem até uma árvore. Hoje, é a região que mais sofre uma elevação de temperaturas, depois do Ártico. Se ela tivesse uma floresta, isso poderia reduzir impacto”, disse.

De acordo com o governo brasileiro, a taxa de desmatamento na Amazônia caiu em 22% em um ano. Mas, para Taalas, o impacto do que foi registrado nos anos de Jair Bolsonaro pode levar anos para ser recuperado.

Na avaliação da entidade, a situação da Amazônia preocupa, principalmente diante dos primeiros sinais de que a região esteja deixando de ser um local de captação de gases para ser um emissor. “É um ponto de inflexão que estamos preocupados”, disse.

Antes da conversa com o UOL, a agência disse numa coletiva de imprensa na ONU que o desmatamento na América Latina já é a “fonte dominante” de emissões. “A região viveu aumento de emissões por conta do desmatamento”, disse.

Segundo ele, o impacto tem sido visto nas temperaturas e no clima da própria região. “Esse é um dos maiores problemas que temos nas florestas do mundo hoje”, disse.

Taalas defende que um sistema de monitoramento seja estabelecido, justamente para entender o impacto da ação humana e da exploração da região, inclusive pela pecuária.

“O sistema climático pode estar próximo dos chamados “pontos de inflexão”, em que um determinado nível de mudança leva a uma cascata de mudanças acelerada e potencialmente irreversível”, disse o informe. “Os exemplos incluem a possível extinção rápida da floresta amazônica”, destacou a agência, ao lado de casos como a desaceleração da circulação oceânica do norte ou a desestabilização de grandes camadas de gelo.

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