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Contagem rápida independente deu vitória de González sobre Maduro por 66,2% a 31,2% na Venezuela

Metodologia foi desenvolvida no Brasil e nos EUA, baseada numa amostra estratificada de 971 seções eleitorais, e contrasta com resultado apresentado pelo regime.

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Foto: Maxwell Briceno/Reuters)

Uma “contagem rápida” independente de votos da eleição venezuelana à qual o g1 teve acesso aponta uma vitória de Edmundo González Urrutia sobre Nicolás Maduro por 66.2% a 31.2%. As informações são do site g1.

Esta foi uma das quatro contagens independentes que a líder opositora María Corina Machado afirmou ter recebido no domingo, indicando a vitória de González.

A pesquisa foi batizada de AltaVista e baseada numa amostra estratificada de 971 seções eleitorais.

Idealizada por uma ONG da sociedade civil venezuelana — cujo nome é mantido em sigilo devido a ameaças do regime a seus integrantes — a metodologia foi registrada e desenvolvida por cientistas políticos e estatísticos. Entre eles, assinam o relatório Dalson Figueiredo, da Universidade Federal de Pernambuco, Raphael Nishimura e Walter R. Mebane, ambos da Universidade de Michigan.

A equipe trabalhou no último mês, revisando o histórico das seções de votação da Venezuela nas eleições passadas, verificando a tendência do eleitor em cada uma – pró-governo ou oposição.

“O projeto visa, a partir de uma amostra estratificada de 1.500 centros, a obter a transferência para o universo de 30 mil. Isso funciona em ambientes em que a integridade eleitoral está em xeque, como a Venezuela”, explica um dos integrantes do projeto.

No entender do professor Dalson Figueiredo, da UFPE, a vantagem do método é considerar o peso histórico das seções, conforme a sua orientação (mais governo ou mais oposição). Dos 1.500 centros previstos, 971 foram tabulados até agora porque, como denunciou María Corina Machado, houve dificuldades de acesso às atas.

Figueiredo explica que a ausência de dados foi prevista na elaboração da metodologia do AltaVista. “Desenvolvemos um algoritmo original para lidar com o problema da não-resposta. Nosso estudo foi previamente registrado na plataforma do Open Science Framework e todos os dados e scripts computacionais estão disponíveis para a consulta pública”.

Da Venezuela, um dos integrantes da ONG responsável pelo projeto conta que 1.500 agentes locais estiveram envolvidos na conferência das atas eleitorais.

Para cada voto, a máquina eletrônica imprime uma cédula em que o eleitor pode comparar a sua veracidade. Essa cópia de papel é depositada numa urna. No fim da votação é possível conferir se o conteúdo da urna bate com os dados que serão transmitidos para o Conselho Nacional Eleitoral.

A missão dos representantes da ONG era de fotografar a cópia do boletim e enviá-la para a plataforma, assim como reportar os problemas enfrentados. As dificuldades começaram após o encerramento da votação, relata um dos diretores da entidade.

“Houve um momento do processo em que o regime deu uma ordem para que não entregassem mais as atas aos fiscais independentes, possivelmente porque se deu conta do nível da surra que tomaria. Ainda assim, conseguimos uma boa quantidade, que não foi capaz de comprometer a confiança no resultado. Os números apresentados pelo regime são uma invenção”, assegura.

A discrepância entre os dados do CNE e do projeto AltaVista é enorme. O órgão eleitoral controlado pelo regime chavista afirma que Maduro obteve 51.2% dos votos e González, 44,2%. A contagem rápida independente revelou a vantagem de González, com uma diferença de 34,9% para o Maduro e margem de erro de 0,65%. Os números chegam perto dos 70% dos votos que María Corina Machado e Edmundo González dizem ter obtido.

A cifra apresentada pelo regime, sem comprovação das atas, não surpreendeu o grupo que coordenou a contagem rápida. A demora de seis horas na divulgação do resultado corroborou a tese de que o regime poderia virar o jogo, caso estivesse em desvantagem.


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