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Após protestos em massa no país, premiê de Israel decide adiar a reforma do Judiciário

Benjamin Netanyahu fez o anúncio depois de algumas das maiores manifestações da história do país.

Pressionado por grandes protestos e greves, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou atrás e anunciou que vai adiar o processo de votação da reforma do Poder Judiciário do país.

“Com a vontade de evitar a divisão na nação, decidi adiar a segunda e a terceira leitura para chegar a um amplo consenso”, disse ele em um discurso televisionado em horário nobre, feito após alguns dos maiores protestos de rua no país.

A reforma do Judiciário aumentaria o poder do governo para escolher membros dos tribunais israelenses e permitiria que o Parlamento do país, o Knesset, derrubasse decisões da Suprema Corte.

A proposta foi abraçada pelos apoiadores do governo, especialmente dos partidos de extrema-direita que dão sustentação à coalizão liderada pelo Likud, a legenda de Netanyahu.

Mas eles encontraram grande resistência de muitos setores mais liberais da sociedade do país, que estão promovendo enormes protestos contra a reforma há 12 semanas consecutivas em cidades como Tel-Aviv e Jerusalém. Eles alegam que as reformas vão desmontar o sistema de independência entre os poderes no país, acabando com a democracia israelense.

Muitos críticos alegam que Netanyahu tem motivos pessoais para tentar controlar o Judiciário, já que ele responde a três processos na Suprema Corte do país por suborno, quebra de confiança e fraude.

Muitos reservistas se recusaram a voltar a treinar com as Forças Armadas, também alegando que a reforma destruiria a democracia. Isso foi um sinal muito forte para o governo, já que Israel depende muito dos seus reservistas para garantir a segurança do país numa região hostil.

Apoiadores do governo também tiveram problemas com a Justiça, como o líder do partido ultraortodoxo Shas, Aryeh Deri, que foi impedido de ter um cargo de ministro por ter sido condenado por fraude fiscal.

No fim-de-semana, a crise ganhou contornos ainda mais graves. O então Ministro da Defesa Yoav Gallant, também do partido Likud, fez um discurso defendendo que o governo abandonasse a reforma, ouvindo a grande parte da população que está contra a ideia.

Netanyahu o demitiu no domingo (26), o que gerou novos e enormes protestos espontâneos contra o governo.

Os partidos de extrema-direita, especialmente o Poder Judaico, criticaram Gallant e disseram que o governo não poderia se “render á anarquia”. Mas as divisões só aumentaram nesta segunda-feira, com as centrais sindicais do país decretando uma greve geral contra a proposta.

Portos, aeroportos, lojas e universidades paralisaram suas atividades, no maior movimento sindical da história do país. Os protestos aumentaram e Netanyahu não teve outra saída a não ser adiar as votações.

Mas a decisão pode levar a maiores disputas internas dentro de sua coalizão, o que poderá culminar o fim do seu governo.

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