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Manaus

Após anunciar corte de despesa com pessoal, David Almeida amplia nomeação de comissionados

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas, Luiz Antônio Nascimento, essas nomeações representam pagamentos de dívidas políticas.

Embora tenha publicado decreto, em janeiro deste ano, suspendendo horas extras, gratificações, nomeações de concursados e temporários, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), aumentou em 268 o número de funcionários em cargos não efetivos, conforme quadro demonstrativo de pessoal publicado no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 24 de março.

De janeiro para fevereiro deste ano, a folha de pagamento da Prefeitura de Manaus saltou de R$ 159 milhões para R$ 182 milhões, um aumento de quase R$ 23 milhões no primeiro bimestre de 2021. Em janeiro, David publicou decreto suspendendo, até o fim de 2021, as horas extras, gratificações, nomeações de concursados e contratações temporárias, alegando reduzir despesas com pessoal em função da crise causada pela Covid-19.

O Decreto também suspendeu a criação de conselhos ou comissões remuneradas, criação ou alteração de planos de cargos e ainda qualquer criação de auxílio, bônus, abonos ou benefícios de qualquer natureza.

No Decreto, o prefeito considerou a necessidade da programação de política efetiva de controle e gestão dos gastos públicos, por cada órgão, entidade e fundo, para melhor atender as medidas emergenciais relacionadas à Covid-19, de modo a resguardar as finanças do município.

Segundo o advogado Carlos Santiago, que preside a Comissão de Reforma Política e Combate à Corrupção Eleitoral da OAB/AM, o Comitê do Amazonas de Combate a Corrupção vai analisar os números crescentes de comissionados na atual gestão de David Almeida. “Um dos princípios constitucionais da administração pública é a eficácia dos gastos e dos serviços públicos. Não tem sentido em plena pandemia, com a queda da arrecadação acontecer a contratação de comissionados”, observa o defensor.

Para o sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas, Luiz Antônio Nascimento, essas nomeações representam pagamentos de dívidas políticas, tanto é que tão logo assumiu a prefeitura, Davi Almeida contratou diversos políticos derrotados nas eleições municipais do ano passado, incluindo ex-vereadores, que depois pediram exonerações.

“É mais uma vez a confusão e a promiscuidade dos interesses públicos, legítimos, necessários, com os interesses particulares; É o pagamento de pagamentos de dívidas políticas com grupos religiosos da cidade de Manaus. É isso que se explica a quantidade absurda de nomeações. Nós vimos no início da vacinação em Manaus, o que se tratam essas nomeações. Nomeações de meninos e meninas que acabaram de sair da faculdade sem nenhum experiencia, sem nenhum compromisso com a causa pública, para ocupar cargos de gerente de qualquer coisa”, declarou.

O sociólogo ressaltou que um pequeno grupo de servidores de fato trabalha no dia a dia. “Enquanto isso você tem um grupo de uns cem números de servidores trabalhando iguais loucos para poder dar conta das necessidades, vide por exemplo os servidores da saúde e da educação, e mais uma vez você tem o desprezo desses trabalhadores. Durante a campanha eleitoral são juras de amor e após a posse são decretos suspendendo pagamentos, bônus, suspendendo o devido reconhecimento e merecimento desses trabalhadores”, analisou.

O 18 Horas tentou ouvir a prefeitura de Manaus, mas não obteve sucesso.

David Almeida suspende por um ano nomeação de concursados e gratificações na Prefeitura de Manaus