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Economia

Vagas temporárias: para o final do ano, CNC prevê maior contratação de fim de ano em uma década

A CNC espera alta de 4% sobre a projeção de 2022.

(Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Com inflação mais controlada, início do ciclo de queda dos juros e alguma ajuda da taxa de câmbio nos últimos meses, a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a criação de vagas temporárias deve alcançar o maior patamar em dez anos.

“O Natal sem dúvidas vai ser melhor do que o do ano passado, e isso vai se converter em vagas. Tudo leva a crer que vamos passar do patamar de 110 mil postos temporários abertos, o que é um patamar expressivo. Se olharmos a série histórica, o patamar mais alto foi em 2013, com 115 mil vagas abertas. Com os juros e a inflação menores, certamente teremos o maior contingente de trabalhadores temporários para o período dos últimos dez anos”, avalia Fábio Bentes, economista sênior da CNC, em reportagem de O Globo.

O setor ainda não conta com dados fechados de 2022, mas a expectativa à época era de criação de 109,4 mil postos, em um período embalado pela disposição para o consumo com a retomada da economia no pós-pandemia. Caso as projeções para este ano se confirmem, o resultado significará expansão sobre uma base alta de comparação. A CNC espera alta de 4% sobre a projeção de 2022.

“Foi uma década com muitas crises para o varejo. Nos últimos anos, o Natal foi fraco ou teve quedas nas vendas e no trabalho temporário. Do ponto de vista do varejo, acredito que estamos diante de um ciclo mais positivo. Com vendas e empregos um pouco mais fortes”, complementa Bentes, que espera que as contratações ganhem tração a partir da segunda quinzena de outubro.

Entre os analistas ainda não há consenso, embora existam sinais de otimismo. Projeções fechadas para o fim do ano costumam ser divulgadas após o Dia das Crianças, que funciona como um primeiro termômetro para o varejo. Mas os anúncios de contratações se multiplicaram nos últimos dias.

Rodolpho Tobler, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), estima que o número de vagas abertas no fim de 2023 deve ser maior que no ano passado, mas ainda não deve repetir o patamar observado antes da pandemia. Isso porque atividades de venda de tecidos, calçados, vestuário e eletrodomésticos ainda operam abaixo do patamar de 2019.

Segundo Tobler, a melhora no mercado de trabalho se deve à inflação mais controlada e à redução na taxa básica de juros, mas também à manutenção de programas assistenciais do governo, que aumentaram o poder de compra da população. “O mercado de trabalho está reagindo, mas a renda média segue baixa”, pondera.

Professor emérito do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboia analisa que, apesar das recentes melhorias no desemprego — a taxa recuou para 7,9% em julho, menor patamar para o período desde 2014 —, a conversão das vagas temporárias em postos formais efetivos depende de diferentes fatores. “Vamos ter uma boa geração de emprego para o último trimestre, mas não acredito que o percentual de conversão de postos temporários em permanentes será elevado. Vai depender das expectativas do varejo na virada do ano, depois dessas datas”, afirma, citando crescimento do PIB e avanço da Reforma Tributária como fatores de peso no cenário.

Para quem tenta transformar a vaga temporária em efetiva, o analista de Comunicação e Marketing do Instituto Brasileiro Pró-Educação, Trabalho e Desenvolvimento (Isbet), Luã Queiroz Christo, recomenda mostrar compromisso, conhecer a empresa e estar disposto a aprender.

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