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Economia

PIB do Brasil avança 1% no 1º trimestre, mas ainda está 1,7% abaixo da melhor marca de 2014, diz IBGE

Impulsionado por serviços, nível da atividade econômica alcança patamar 1,6% acima do período pré-pandemia.

Prestação de serviços impulsionou o PIB. (Foto: Jorge Adorno_Reuters)

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1% no 1º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo divulgou nesta quinta-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Frente ao mesmo trimestre de 2021, o avanço foi de 1,7%. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 2,249 trilhões.

Trata-se do terceiro resultado positivo seguido, depois do recuo no segundo trimestre de 2021 (-0,2%). O avanço, porém foi menor que o registrado no 1° trimestre do ano passado (1,1%). Veja gráfico:

O resultado representa uma aceleração frente aos trimestre anteriores, impulsionada pelo setor de serviços – o mais impactado pela pandemia e de maior peso na economia –, que ainda tem encontrado espaço para recuperar o nível de atividade pré-Covid, apesar dos impactos da inflação e dos juros altos.

De acordo com o IBGE, com esse resultado, o PIB está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014″ o que equivale ao patamar observado em meados de 2013. “Isso significa que a gente mais que superou a retração que teve com a pandemia, mas ainda não foi suficiente para recuperar o patamar anterior à crise de 2016”, destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O avanço veio dentro do esperado. Mediana de pesquisa do jornal “Valor Econômico” com 82 instituições financeiras e consultorias projetava uma alta de 1% para o PIB do 1º trimestre, em relação ao 4º trimestre de 2021.

O IBGE revisou os dados trimestrais de 2021. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a alta do PIB nos 3 primeiros meses do ano passado foi de 1,1%, ao contrário do crescimento de 1,4% divulgado anteriormente. Já a queda registrada no segundo trimestre foi revisada de -0,3% para -0,2%. No terceiro trimestre, houve crescimento de 0,1,% em vez de queda de 0,1%. Já a alta do 4º trimestre passou de 0,5% para 0,7%.

No acumulado em quatro trimestres, o PIB cresceu 4,7%, comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia.

Principais destaques do PIB do 1º trimestre:
Serviços: 1%
Indústria: 0,1%
Agropecuária: -0,9%
Consumo das famílias: 0,7%
Consumo do governo: 0,1%
Investimentos: -3,5%
Exportações: 5%
Importação: -4,6%

Entre os grandes setores, houve queda na agropecuária (-0,9%), variação perto da estabilidade na indústria (0,1%) e elevação dos serviços (1%). Pela ótica da despesa, a o consumo das famílias cresceu 0,7%, o consumo do governo teve variação de 0,1% e os investimentos tiveram baixa de 3,5%.

O setor de serviços representa 70% do PIB do país. “Dentro dos serviços, o maior crescimento foi de outros serviços, que tiveram alta de 2,2%, no trimestre, e comportam muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia”, explicou a coordenadora da pesquisa.

Também houve avanço no PIB dos serviços de transporte, armazenagem e correio (2,1%), comércio (1,6%), atividades imobiliárias (0,7%) e administração, saúde e educação pública (0,6%). Os únicos recuos foram em informação e comunicação (-5,3%) e na intermediação financeira e seguros (-0,7%).

Segundo o IBGE, o setor de turismo e viagens também contribuiu para o crescimento dos serviços no 1º trimestre, com avanço no transporte de passageiros, sobretudo o aéreo, além de alojamento e alimentação.

Frente ao primeiro trimestre do ano passado, os serviços avançaram 3,7%, com alta na maior parte de suas atividades, com destaque para “outras atividades” (12,6%), que foram beneficiadas pela reabertura da economia e retomada da demanda por serviços presenciais.

Queda na agropecuária e nas indústrias extrativas

Segundo o IBGE, a queda de 0,9% da agropecuária é explicada principalmente pela estiagem no Sul, que causou a diminuição na estimativa da produção de soja, a maior cultura da lavoura brasileira.

Na Indústria, o único desempenho negativo ocorreu nas indústrias extrativas (-3,4%). Houve avanço nas atividades de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,6%), indústrias de transformação (1,4%) e construção (0,8%).

Na comparação interanual, o IBGE apontou que o recuo de 8% da agropecuária foi puxado, principalmente, pela queda nas safras da soja (-12,2), do arroz (-8,5%), de fumo (-7,3%) e de mandioca (-2,7%).

Já o recuo de 1,5% da indústria se deve, sobretudo, à queda na produção de máquinas e aparelhos elétricos (a indústria de transformação recuou 4,7%) e à queda na extração de minérios ferrosos (a indústria extrativa recuou 2,4%). Já a construção avançou 9% na comparação interanual e registrou avanço de 12,8% no número de trabalhadores ocupados. O IBGE atribui este avanço às obras públicas, aceleradas em ano eleitoral.

Consumo cresce e investimento cai

O consumo, tanto das famílias quanto do governo, avançou pelo segundo trimestre seguido – respectivamente de 2,1% para 2,2%, e de 2,8% para 3,3%.

Já os investimentos mantiveram trajetória de desaceleração, com queda de 3,5% frente aos 3 meses anteriores e de 7,2% na comparação interanual.

No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, ficando abaixo da registrada no mesmo período do ano passado (19,7%). “Essa queda foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período”, destacou a pesquisadora.
Taxa de investimento do Brasil deve ser menor que a de 82% dos países em 2022
Nesta divulgação do IBGE não foram incluídas as Contas Econômicas Integradas (que inclui a taxa de poupança e taxa de necessidade de financiamento do país) e a Conta Financeira Trimestral (que mostra quais ativos foram mais usados para financiar a economia do país).

“Essa duas contas são muito focadas no balanço de pagamentos, mas por conta da não divulgação do balanço de pagamentos de março pelo Banco Central, desta vez não foi possível incluí-las nesta divulgação”, afirmou Pallis, citando os impactos da greve dos servidores nas divulgações do BC.

Perspectivas

O bom resultado do 1º trimestre e indicadores antecedentes positivos nos últimos meses têm levado a uma revisão para cima das projeções para o crescimento da economia em 2022. Analistas apontam para um avanço do PIB acima de 1% no ano, enquanto o governo estima uma alta de 1,5%. Por outro lado, parte das previsões para 2023 têm sido revistas para baixo, com algumas casas apontando para um crescimento até mesmo abaixo de 0,50%, em meio à inflação persistente, juros em alta, temores de recessão global e incertezas relacionadas à corrida eleitoral no Brasil.

A informação é do g1.

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