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Economia

Petróleo passa dos US$ 90, maior patamar em 10 meses, e pressiona preços dos combustíveis no Brasil

O novo rali do petróleo coloca mais pressão sobre os preços dos combustíveis no Brasil, com o aumento da defasagem em relação aos valores do mercado internacional.

O preço do barril de petróleo do tipo Brent fechou nesta quarta-feira, 6, em US$ 90,60, o maior patamar desde novembro do ano passado. Os analistas já esperavam que o barril voltasse a passar a casa dos US$ 90 em 2023, mas esperavam que isso acontecesse mais próximo ao fim do ano. O novo rali do petróleo coloca mais pressão sobre os preços dos combustíveis no Brasil, com o aumento da defasagem em relação aos valores do mercado internacional – já que a Petrobras não segue mais, desde meados de março, a fórmula da Paridade de Preços de Importação (PPI), criada no governo Michel Temer. As informações são do Estadão.

No último dia 15 de agosto, a Petrobras reajustou os preços dos combustíveis no Brasil depois de um hiato de três meses. Mesmo assim, o reajuste não havia sido suficiente para zerar a defasagem em relação aos preços internacionais. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), no caso do diesel (que foi reajustado em 25,5%), essa defasagem, que à época era de 30%, estava no início desta semana em 10%. Nesta quarta-feira, porém, com o aumento do petróleo, já havia voltado a subir para 14%, o que equivale a R$ 0,62 por litro. Nas contas do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), essa defasagem chegou a 13,1%, ou R$ 0,58 por litro.

No caso da gasolina, que tem uma menor necessidade de importação, a defasagem da Petrobras calculada pela Abicom segue em um dígito desde o aumento de 16,2% nas refinarias, em 15 de agosto, ficando em 5% – ou R$ 0,17 por litro. Nas contas do CBIE, essa distância é maior, chegando a 11,6%, ou R$ 0,38 no momento.

Para Pedro Rodrigues, do CBIE, essa alta do petróleo vai pressionar a Petrobras a realizar novos aumentos, mas a tendência é que eles sejam represados, como da última vez – que, para ele, só ocorreu pela iminência da escassez de diesel importado no mercado nacional. Com os preços da Petrobras muito abaixo dos preços internacionais, as margem dos importadores despencam e eles têm dificuldades de operar, ameaçando o abastecimento do País. Hoje, o Brasil importa entre 20% e 30% do diesel que consome.

O aumento dos preços do petróleo pode, por um lado, ser benéfico para a Petrobras, já que o Brasil é hoje um exportador da commodity. Mas um eventual reajuste dos preços no mercado interno, se for inevitável, terá impacto direto na inflação, pressionando o Banco Central, que iniciou no mês passado o ciclo de redução das taxas de juros, hoje em 13,25% ao ano.

Mercado externo

Para analistas, a tendência dos preços do petróleo no mercado internacional segue em rota de valorização. O movimento atual tem como pano de fundo a manutenção dos cortes de 1,3 milhão de barris de petróleo diários por mais três meses, até o fim do ano, definidos pela Arábia Saudita e Rússia. A decisão colocou de vez a oferta como o fator preponderante para a dinâmica dos preços este ano.

A demanda global por petróleo até avançou este ano, mas, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, teria atingido um teto, parando de puxar os preços por si só. Hoje, essa demanda está em dos 100 milhões de barris por dia.

Segundo o estrategista da consultoria S&P Global, Felipe Perez, em função do protagonismo excessivo da Arábia Saudita no mercado internacional de petróleo, novos cortes de produção ou extensões desse prazo de três meses são possíveis, o que pressionaria ainda mais os preços.

A consultoria global Rystad Energy já prevê déficit no balanço entre oferta e demanda no quarto trimestre, com o mundo consumindo 2,7 milhões de barris por dia a mais que o ofertado pelos produtores. A consequência óbvia são estoques menores e preços mais altos.

Os especialistas dizem que a escalada de momento já era esperada no segundo semestre, mas veio de forma precoce pelo movimento unilateral encabeçado pela Arábia Saudita. Ainda assim, algumas casas resistem a alterar previsões. O CBIE, por exemplo, manteve a previsão de US$ 93 para o preço médio do segundo semestre, com máxima de US$ 95 a ser alcançada no quarto trimestre.

Leia a matéria completa no Estadão.

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