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Economia

Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria aponta que 74% dos industriais consideram infraestrutura regular, ruim ou péssima na Região Norte

Entre as prioridades destacadas pela CNI estão a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica; a pavimentação do trecho central da BR-319 e a implantação da Ferrogrão (EF-170).

O estudo Panorama da Infraestrutura – Região Norte, lançado nesta quarta-feira (15/10) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 74% dos empresários industriais consideram as condições de infraestrutura da região como regular, ruim ou péssima, enquanto a média nacional é de 45%. O trabalho reúne informações sobre as áreas de transporte, energia, saneamento básico e telecomunicações, bem como as propostas para melhorias da infraestrutura nos sete estados do Norte do país.

cni-74-dos-industriais-conside cni-74-dos-industriais-conside cni-74-dos-industriais-conside cni-74-dos-industriais-conside cni-74-dos-industriais-conside cni-74-dos-industriais-consideEste é o quarto de uma série de cinco estudos produzidos pela CNI com um retrato das condições de infraestrutura nas regiões brasileiras, identificando necessidades de investimento e pleitos do setor industrial.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressalta que a Região Norte desempenha papel estratégico no desenvolvimento sustentável do Brasil, sobretudo por conta de suas riquezas em biodiversidade e recursos naturais. No entanto, o déficit de infraestrutura tem restringido esse protagonismo.

“As deficiências em rodovias, a baixa integração energética, os entraves no transporte hidroviário e as limitações no acesso a serviços essenciais impactam negativamente a qualidade de vida da população e elevam os custos logísticos, desestimulando os investimentos”, destaca Alban. “Fortalecer a infraestruturada Região Norte, com respeito aos marcos legais e ambientais, é condição indispensável para a atração de investimentos e o crescimento do setor industrial”, acrescenta.

A Região Norte ocupa uma posição estratégica no contexto do desenvolvimento sustentável brasileiro, devido à sua vasta extensão territorial, elevada diversidade biológica e abundância de recursos naturais. Apesar desse conjunto de atributos, o persistente déficit de infraestrutura tem limitado significativamente a capacidade da região de exercer plenamente seu papel como vetor de crescimento econômico e inclusão social.

Apesar de seu expressivo potencial, o Norte enfrenta entraves logísticos e estruturais que comprometem a articulação entre seus polos produtivos. A malha rodoviária apresenta trechos precários ou incompletos, a infraestrutura ferroviária é praticamente inexistente em grandes áreas, e as hidrovias, embora promissoras, carecem de investimentos em dragagem, sinalização e interligações modais.

Obras prioritárias

Segundo a CNI, um passo importante foi dado no dia 10 de setembro, com o processo de conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Além deste empreendimento, o trabalho da CNI lista outras obras prioritárias para destravar a infraestrutura do Norte. Entra elas estão a ampliação da navegabilidade da Hidrovia Araguaia-Tocantins, por meio do derrocamento do Pedral do Lourenço, e a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial – nas bacias da Foz do Amazonas e do Pará-Maranhão.

Outras prioridades destacadas pela CNI são a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica; a pavimentação do trecho central da BR-319, entre Porto Velho e Manaus; e a implantação da Ferrogrão (EF-170). “Se bem conduzidos, esses projetos podem integrar o interior da região aos mercados nacionais e internacionais, promover a criação de emprego e renda, e garantir segurança energética para o país”, enfatiza o presidente da CNI.

Crescimento sustentável

O estudo busca contribuir para subsidiar o planejamento e a formulação de políticas públicas voltadas ao crescimento sustentável da região, fator fundamental para o fortalecimento da indústria e da economia. De acordo com o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, a região historicamente sofre com problemas significativos no fornecimento de energia elétrica.

Outro desafio crítico está no saneamento básico. Apenas 61% da população do Norte é atendida por rede de abastecimento de água, o menor índice entre todas as regiões brasileiras. A situação é ainda mais preocupante quando se observa a cobertura de esgotamento sanitário: somente 23% da população total da região conta com acesso à rede coletora de esgoto.

Esses indicadores evidenciam um déficit estrutural que impacta diretamente a qualidade de vida da população, além de dificultar a atração de investimentos e a instalação de novos empreendimentos industriais.

“Diante desse cenário, é urgente que políticas públicas e investimentos priorizem não apenas os corredores logísticos e os projetos de exploração e integração energética, mas também a ampliação de serviços básicos de saneamento. A superação desses obstáculos é condição fundamental para garantir um ambiente de negócios mais favorável, capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo da Região Norte”, pontua Roberto Muniz.

“Para que haja justiça social e o cumprimento do papel de preservação do meio ambiente, é importante que a infraestrutura do Norte seja pensada de forma ampla, inteligente, ambientalmente adequada e resiliente”, completa o diretor de Relações Institucionais da CNI.

A dotação autorizada para investimentos do Ministério dos Transportes e do Ministério de Portos e Aeroportos foi equivalente a R$ 13,7 bilhões em 2024. Deste montante, estava previsto R$ 3,6 bilhões para a Região Norte, sendo que R$ 3,8 bilhões efetivamente pagos (incluindo restos a pagar pagos).

Pré-COP30

O estudo foi lançado nesta quarta, em Brasília, no evento da CNI sobre a Pré-COP30. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Alex Dias Carvalho, alertou que a logística será imprescindível para a região prosperar. “O que precede a sustentabilidade ambiental é o desenvolvimento econômico, mas o que prospera na Amazônia são as ilicitudes. Os inimigos da Amazônia são a pobreza e a falta de oportunidade”, criticou.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero) e do Conselho de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Marcelo Thomé, apostar no avanço da infraestrutura é imprescindível para a região Norte.

“Não haverá futuro para pensamos em desenvolvimento sustentável se não investirmos em infraestrutura. Os vazios gerados pela infraestrutura precária é que criam espaço para as atividades ilícitas”, afirmou.

Veja a íntegra da pesquisa.


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