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Economia

Delivery: Entregadores rejeitam propostas das empresas de aplicativos

Grupo de trabalho que discute a questão vai terminar no dia 12 de setembro

Após rejeitarem as propostas apresentadas pelas empresas sobre uma remuneração mínima à categoria, os entregadores e os motoristas de aplicativos vão esperar até o dia 12 de setembro por uma nova rodada de negociações. A categoria reagiu negativamente aos valores de remuneração apresentados no grupo de trabalho tripartite — criado pelo governo federal para discutir a implementação de regras para o setor e debater a regulamentação do trabalho intermediado pelas plataformas.

A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) — organização que reúne as empresas líderes de mercado, como 99, Amazon, iFood, Uber e Lalamove — propôs que seja adotado o valor de R$ 21,22 por hora trabalhada para o transporte privado individual de passageiros.

No caso do delivery, a proposta é de R$ 12 por hora efetiva e comprovadamente trabalhada pelo modal motocicleta, o que equivale a 200% do salário mínimo. Os valores sugeridos para entregas por carro e bicicleta permanecem os mesmos, ou seja, R$ 10,86 para carro e R$ 6,53 para bicicleta.

A sugestão das empresas de aplicativo irritou os trabalhadores. O presidente da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR), Edgar Francisco da Silva, disse que a proposta mantém um cenário de desvalorização dos trabalhadores. Segundo ele, a precarização do trabalho eleva o risco de acidentes, entre outros fatores, por estimular o excesso de carga horária.

— A sensação dos trabalhadores é de indignação. Somos uma categoria precarizada e que trabalha em condições de exploração, sem valorização por parte das empresas de aplicativo. Foi um desaforo, e uma decepção. Nós estamos propondo o valor de R$ 35,76. Eles colocaram R$ 12 para hora trabalhada — disse Silva.

Divergências

 

Para trabalhadores que usam bicicleta a remuneração pedida é de R$ 29,63 por hora. Eles também criticam o critério das empresas de pagamento por tempo “efetivamente trabalhado” que desconsidera o período em que o entregador está logado no aplicativo, sem que esteja no meio de uma entrega. Para as empresas, a remuneração deve valer apenas contando o tempo em que a pessoa está na corrida ou na entrega.

O representante dos trabalhadores lembra ainda há o custo para o próprio exercício da profissão — um custo operacional de manutenção do veículo, seguro e combustível —, o que compromete os ganhos.

— (As empresas de aplicativos) Pediram até o dia 12 para ver se conseguiam fazer uma proposta para a gente — completou Silva.

Prazo final

 

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o dia 12 de setembro é o prazo final para que empresas, motoristas e motociclistas alcancem um acordo dentro do grupo de trabalho de aplicativos. As negociações abordam ganhos mínimos, indenização pelo uso dos veículos, previdência, saúde dos trabalhadores e transparência algorítmica. Ainda de acordo com a pasta, nos próximos dias, haverá mais rodadas de negociações entre empresários e trabalhadores que “farão diálogos bilaterais para tentar chegar a um acordo”.

Segundo fontes a par das negociações, durante o encontro da última terça-feira (dia 29), a demonstração de incômodo dos trabalhadores e a exaltação de algumas lideranças levou um dos representantes do governo a pedir calma aos participantes e dizer que “é melhor a paz do que a guerra”.

Patamares mínimos de remuneração

 

Em nota, a Amobitec ressaltou que os valores propostos de remuneração são patamares mínimos, “portanto, não impedem a possibilidade de ganhos superiores pelos trabalhadores”. Afirmou ainda que “os valores dialogam com as boas práticas internacionais”.

A entidade ressaltou ainda se mantém aberta ao diálogo, tem “interesse na construção de um modelo regulatório equilibrado, que busque ampliar a proteção social dos profissionais e garantir a segurança jurídica da atividade”.

A Amobitec declarou ainda que respeita o direito de manifestação e informou que as empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com motoristas e entregadores “dentro e fora do grupo de trabalho”.

Veja as propostas

 

O Movimento Inovação Digital (MID), que representa Loggi e Rappi, além de 1.253 pequenas empresas regionais, apresentou a seguinte sugestão:

  • Repasse mínimo de R$ 7 por hora trabalhada para os que usam bicicleta.
  • Repasse mínimo de R$ 11 por hora trabalhada para entregadores com motociclistas.
  • Repasse mínimo de R$ 17 por hora trabalhada para motoristas de carros.

    Para entregas do comércio eletrônico, a proposta é de repasse mínimo de R$ 12 a cada oito quilômetros rodados.

    Os valores divergem dos que foram propostos pelas maiores empresas do setor. A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa Uber e iFood, entre outras, encaminhou a sugestão na terça-feira, com alguns valores reajustados.

    • Valor mínimo de R$ 21,22 por hora trabalhada em transporte de passageiros.
    • Repasse base de R$ 6,54 para entregadores de bicicleta.
    • E pagamento de ao menos R$ 12 para entregadores em motocicletas.

     

    Segundo fontes, o governo trabalha com uma alíquota de recolhimento de 20% para empresas, e de 11%, para trabalhadores, mas os valores dependerão da base de cálculo final da remuneração.

    As informações são do Extra.

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