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Presidente da Petrobras defende destinação de royalties da foz do Amazonas para Amazônia

Em entrevista exclusiva à CNN, Jean Paul Prates falou sobre a esperança de que a exploração de petroleo na Foz do Amazonas ocorra no segundo semestre de 2024.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse, em entrevista exclusiva à CNN, defender que parte dos recursos eventualmente obtidos com royalties do petróleo seja destinada à Amazônia.

“É justo que se considere um projeto de lei, iniciativas até de governos locais na regulação da utilização desse recurso, uma forma de perenizar esse recurso lá, através da transformação dele em atividades econômicas sustentáveis”, disse.

“Ou seja, em outras palavras, as participações governamentais pagas pela produção e exploração de petróleo e eventualmente resultantes de uma descoberta lá deverão, sim, ao meu ver e ao ver da Petrobras, aproveitar aos amazônidas, e deverão ser cuidadas pelos líderes a quem cabe fazer isso”, acrescentou o presidente da estatal.

De acordo com ele, já há um grupo de parlamentares tratando do assunto: “Esse debate existe, tá planteado entre parlamentares, especialmente senadora Eliziane [Gama (PSD-MA)], do Maranhão, senador Randolfe [Rodrigues (Rede-AP)], e outros, conversaram com a gente, nós ajudamos inclusive a fomentar esse processo de debate nisso e, claro, eles como parlamentares vão tomar conta desse debate lá, levando uma proposta legislativa que confine um pedaço desse recurso, seja via fundo Amazônia, seja via outras rubricas.”

Ele disse ainda esperar que a perfuração do poço na Foz do Amazonas ocorra no segundo semestre de 2024.

“A expectativa é no primeiro semestre, depois do primeiro poço da Potiguar, tentar receber a licença pra ir furar a Foz e voltar pra furar o segundo poço, ou furar os dois poços e no segundo semestre do ano que vem furar a Foz do Amazonas”, declarou.

Uma eventual exploração de fato, porém, segundo ele, deve demorar anos. “A sonda é só pra furar, achar petróleo e ir embora. E isso leva de 3 a 4 meses. Após encontrado esse óleo, se encontrado, você vai ter um período de avaliação que vai até 180 dias ou mais, meio ano ou mais, avaliando aquela descoberta, se ela vale a pena ou não”, afirmou.

“Mesmo assim, você ainda deve furar outros poços, como é o caso do Pitu que eu acabei de dizer, pra delimitar o reservatório, até onde ele vai. Pra saber exatamente quanto de reserva você tem ali e se vale a pena produzir. Aí um dia chega a hora que alguém conclui que vale a pena produzir”, explicou Jean Paul Prates.

E este não é o fim: “Você apresenta um plano de desenvolvimento, que é como você vai fazer tudo em detalhes nos próximos 35 ou 40 anos, dá tudo isso detalhado ao órgão regulador ambiental e aí você vai começar ainda a construir plataforma. Você vai licitar isso, vai levar mais 3, 4 anos, ou seja, nós estamos falando de 6 a 8 anos pra começar essa produção. Então nós estamos falando de furar agora esse ano, 2024, e produzir em 2030, 2032.”

Jean Paul também falou que o papel das ONGs ambientais é essencial para o trabalho da Petrobras: “Eu acho que as ONGs têm um papel muito importante de alerta, de convivência com as pessoas no dia a dia, com observação focada no aspecto ambiental social e elas podem ser boas parceiras sem necessariamente estarem ao nosso lado o tempo todo.”

E acrescentou: “É importante que elas dialoguem no sentido de: ‘Olha, isso aqui tá falhando, aquilo ali não tá dando certo, nós temos um papel aqui, nós conhecemos a comunidade local e ela está desatendida.’ Até de canalizar eventualmente recursos ou mobilizar soluções.”

“Eu estou pra ver uma ONG que diga assim: ‘Eu estou aqui só pra ficar denunciando’. Não, ela está ali pra denunciar e eventualmente encontrar uma solução”, disse o presidente da Petrobras.

“Se você tiver boa vontade de atender e dialogar, você consegue construir uma solução. Se achar que aquelas pessoas são só umas pessoas que vem num disco voador pra ficar ali fazendo bagunça, aí não dá certo e nós não vemos essas pessoas assim. Nós vemos como pessoas que dedicam a sua vida a alertar coisas importantes para nós, que estamos dedicando nossas vidas a outra coisa tão importantes quanto. Eu não faço diferença e não vejo uma batalha entre uma coisa e outra. Vejo argumentos sobrepostos e as vezes contrapostos mas não batalhando”, acrescentou.

E ele aponta os elementos que, no final das contas, vão influenciar a decisão sobre a exploração de petróleo na região. “É uma decisão política produzir aonde, quando e o que em algum lugar, quando se trata de recursos naturais concedidos pelo governo”, avalia.

“É bom lembrar sempre, não é política porque é o Lula ou porque fosse outro presidente, não é isso”, acrescentou. “É política, porque é política nacional definir o horizonte exploratório do Brasil. Queremos produzir mais petróleo ou queremos ainda ser produtores e autossuficientes durante os próximos 40 anos ou 50, mesmo com a curva de queda? Mas queremos ser donos do nosso próprio petróleo ou queremos passar a arriscar a ter que importar? Queremos ter reposição de expectativa de reservas como eu estou falando ou não queremos? Essa é uma decisão política.”

Veja a íntegra da entrevista do presidente da Petrobras à CNN.

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