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Brasil

Pesquisa mostra que 74% dizem apoiar a democracia como melhor forma de governo no Brasil

Dados mostram que apoio à democracia recuou de recordistas 79% para 74% desde o levantamento mais recente do Datafolha, de outubro do ano passado.

O apoio à democracia no Brasil segue em elevado patamar, mas recuou de recordistas 79% para 74% desde o levantamento mais recente do Datafolha, de outubro do ano passado.

Naquele momento agudo da campanha presidencial, as ameaças percebidas à democracia estavam em alta, com a campanha feita por Jair Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral brasileiro, que gerou reações na sociedade civil.

Em 8 de janeiro deste ano, os atos golpistas de seus apoiadores ao depredar a sede dos três Poderes marcaram o auge dessa crise.

O então mandatário acabou punido neste ano pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com a perda de direitos políticos até 2030, pelos ataques ao sistema eleitoral em reunião com embaixadores.

Os autores dos ataques de janeiro estão sendo julgados, e houve um apaziguamento relativo da relação conflituosa entre os Poderes que marcou os anos Bolsonaro (2019-2022).

Segundo o instituto, subiu de 11% para 15% o número de pessoas para as quais tanto faz se o país é uma democracia ou uma ditadura, enquanto oscilou positivamente de 5% para 7% a taxa daqueles que consideram um regime ditatorial aceitável sob certas circunstâncias.

Foram ouvidas pelo Datafolha 2.004 pessoas em 135 cidades no dia 5 deste mês. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Bolsonaro também fazia apologia aberta da ditadura militar que vigorou no Brasil de 1964 a 1985. Com o acirramento das tensões institucionais promovidas pelo então presidente a partir do manejo da pandemia da Covid-19, em 2020 o patamar de apoio à democracia cresceu no país.

Ele é aferido desde setembro de 1989 pelo Datafolha, que incluiu a questão em 29 pesquisas desde então. A partir de junho de 2020, o apoio nunca foi mais baixo de 70%, tendo chegado ao máximo histórico de 79% em outubro do ano passado.

Um dos momentos mais graves da vida pública desde a redemocratização de 1985 ocorreu ao longo de 1992, quando emergiram denúncias de corrupção no governo de Fernando Collor de Mello (então PRN), primeiro presidente eleito depois do fim da ditadura.

Sem apoio no Congresso Nacional e imerso em uma crise econômica, Collor acabou por renunciar para evitar ser derrubado por um impeachment —perdendo, de todo modo, seus direitos políticos por oito anos. Naquele momento, a fé democrática brasileira passou por um abalo, com o menor índice de apoio da série histórica (42%) registrado em fevereiro e o maior suporte à ditadura (23%) em setembro.

É preciso ressaltar que o sistema era relativamente novo no país, que só tinha passado pela eleição presidencial de 1989 após os anos sob comando de generais, e a instabilidade institucional, muito maior.

Hoje, assim como nos levantamentos recentes, a adesão ao regime democrático tem correlação com a renda e a instrução dos entrevistados.

Enquanto 61% dos que estudaram até o fundamental apoiam a democracia, 89% dos que têm curso superior dizem apoiar o regime. Igualmente, o apoio é de 67% entre quem ganha até 2 salários mínimos e de 88% entre os que ganham mensalmente mais de 5 salários.

Homens (78%) apoiam mais a democracia do que mulheres (69%), e são mais indiferentes ao regime de governo os menos instruídos (23%) e os mais pobres (20%).

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