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Golpes nas redes sociais com Desenrola e Voa Brasil: veja como identificar anúncios falsos na internet

Com as fraudes, os criminosos conseguem roubar dados dos consumidores, inclusive bancários, com o pretexto de renegociar dívidas.

Anúncios falsos nas redes sociais. (Foto:Reprodução)

O governo federal enfrenta desafios para conter a enxurrada de fraudes identificadas na internet relacionadas a dois programas populares anunciados este ano: o Desenrola Brasil, para renegociações de dívidas, que já está em funcionamento, e o Voa Brasil, para passagens aéreas baratas, que sequer foi lançado. Golpistas exploram esses programas em anúncios falsos nas redes sociais, na tentativa de atrair os cliques dos mais atentos.

Entre julho e outubro deste ano, foram 2.439 anúncios fraudulentos com os nomes dos dois programas no Meta Ads (que reúne anúncios no Facebook, Instagram, Audience Network e Messenger), da companhia americana Meta. Esses anúncios falsos já foram vistos 1,03 milhão de vezes.

O levantamento foi feito pelo Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais (NetLab) da UFRJ, a pedido da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça. O relatório do monitoramento nas redes sociais da Meta aponta os números de anúncios e visualizações apenas como uma amostra. Segundo o estudo, por falta de ferramentas de transparência das empresas, não foi possível coletar dados de anúncios em outras redes sociais e buscadores.

Dados sob risco

Com as fraudes, os criminosos conseguem roubar dados dos consumidores, inclusive bancários, com o pretexto de renegociar dívidas, por exemplo. Também acontece de venderem para as vítimas produtos inexistentes, como passagens aéreas com desconto falsas.

A principal técnica dos fraudadores, usando os nomes dos programas anunciados pelo governo, é produzir anúncios nas redes sociais que levam a páginas falsas, mas que se parecem com as oficiais do governo ou então com o mesmo layout de veículos jornalísticos.

Há o uso de manchetes, logos e trechos de reportagens de veículos de notícias, a associação das imagens do presidente Lula e de ministros como Fernando Haddad (Fazenda) e Márcio França (ex-chefe da pasta de Portos e Aeroportos e atualmente na de Pequena Empresas).

Os golpistas também usam falsas peças de publicidade, propagandas que redirecionam consumidores para robôs virtuais (chatbots) customizados que simulam canais de contato e cadastro oficiais pedindo dados.

— Os sites são quase perfeitos. Você olha e quase não consegue distinguir, não tem nenhuma falsificação grosseira no site. E, no entanto, são falsos. O consumidor não pode se deixar levar — alerta Wadih Damous, chefe da Senacom.

Como reconhecer

Quando o consumidor olha a barra do navegador para acessar esse site falso, o primeiro indício de fraude é quando as iniciais “http” não estão acompanhadas da letra “s” — indicativo de segurança que sempre tem o símbolo do cadeado.

— O golpe ocorre com um perfil falso (em rede social) com características que passam credibilidade. Todos os aspectos do site (que os perfis indicam) parecem ser os de um oficial, todavia, o endereço do site (URL) possui uma letra ou alguma alteração mínima, que não é de fácil percepção, o usuário sem perceber insere todos os dados que são repassados para o criminoso — explica o advogado Walberto L. Oliveira, que atua na área.

Observar falhas como erros de português e um olhar atento aos endereços (URLs) das páginas são dicas dadas em estudo realizado pela advogada e professora Joyce Lira, coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Veiga de Almeida.

— Uma vez que o golpe ocorra e o dano seja feito ao consumidor, é muito difícil responsabilizar as plataformas digitais e fazer o reparo — afirma a advogada.

Desenrola tem plataforma única

O Ministério da Fazenda alerta que o programa Desenrola Brasil, na atual fase, tem uma única plataforma oficial. O acesso é exclusivamente pelo endereço desenrola.gov.br. No caso do Voa Brasil, qualquer venda atribuída ao programa deve ser considerada como golpe, já que ele ainda não existe e só deve sair do papel no ano que vem.

Além disso, a legislação sobre comércio eletrônico obriga lojas virtuais a apresentarem informações como CNPJ, endereço da sede da empresa e contato. Os dados devem ser expostos de forma clara, no topo ou no rodapé da página.

— A recomendação é não repassar dados confidenciais por telefone, WhatsApp, e-mails ou redes sociais — diz Oliveira.

Meta diz remover perfis

Desde julho, a Senacon, está pressionando a Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp), inclusive com uma medida cautelar, para a remoção de conteúdos ilícitos. O órgão chegou a multar a empresa em R$ 9,3 milhões por descumprimento.

— O problema é a rede digital permitir esse tipo de anúncio. Não se sabe quem são os criminosos — diz Damous.

Procurada, a Meta diz que atividades fraudulentas não são permitidas e recomenda que os usuários denunciem publicações ou anúncios com suspeita de fraude. A denúncia pode ser feita diretamente no Facebook ou no Instagram.

“Temos removido anúncios enganosos sobre os programas Desenrola Brasil e Voa Brasil de nossas plataformas, assim que identificados por meio de uma combinação de uso de tecnologia, denúncias de usuários e revisão humana”, diz a empresa, pedindo que as pessoas “nunca compartilhem informações de login”.

As informações são do site Extra.

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