Brasil
“Anistia” trará “paz para a economia”, diz Bolsonaro sobre tarifaço imposto por Trump ao Brasil
Ex-presidente sugere de maneira indireta anistiar os envolvidos no 8 de Janeiro e no processo de tentativa de golpe de Estado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste domingo (13.jul.2025) que está “nas mãos das autoridades brasileiras” o poder para negociar e tentar revogar a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (republicano). De maneira indireta, Bolsonaro sugere que a saída seja de alguma forma os Três Poderes da República atuarem para anistiar os envolvidos no 8 de Janeiro e no processo de tentativa de golpe de Estado:
“O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia também a paz para a economia”, escreveu em seu perfil no X.
Segundo o ex-mandatário brasileiro, a mensagem de Trump está mais relacionada a “valores e liberdade” do que à economia. Também afirmou que não se alegra com sanções pessoais ou familiares, nem com o impacto das tarifas sobre os produtores rurais e a população. “A carta do presidente @realDonaldTrump tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia”, escreveu Bolsonaro.
E acrescentou: “Não me alegra ver sanções pessoais, ou familiares, a quem quer que seja. Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%.” Bolsonaro sugeriu que a política comercial dos EUA reflete uma mudança de postura geopolítica. Disse que o vice de Trump declarou recentemente na Europa que os Estados Unidos não usarão mais recursos do contribuinte para defender países que abandonaram valores comuns de seus povos. “Todos conhecem a forma como o chefe da maior potência do mundo negocia”, afirmou.
A nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi anunciada por Trump na última 4ª feira (9.jul). Devem ser aplicadas a partir de 1º de agosto. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem articulado uma resposta, que inclui a regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica. A medida permite a retaliação comercial a países que tratem o Brasil de maneira desigual.
ENTENDA
O principal argumento do presidente norte-americano para a imposição da tarifa comercial é de que as autoridades governamentais brasileiras estariam “perseguindo” Bolsonaro. O ex-chefe do Executivo federal é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado depois do resultado das eleições presidenciais de 2022, em que saiu derrotado. Em resposta à medida de Trump, o presidente Lula afirmou que o “Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o Brasil adotará a Lei da Reciprocidade Econômica (15.122 de 2025) para responder à imposição.
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de Estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, afirmou Lula em nota divulgada na última 4ª feira (9.jul). Em sua carta endereçada a Lula, Trump considerou uma “vergonha internacional” a forma como Bolsonaro é julgado, afirmando que existe uma “caça às bruxas” que deve acabar “imediatamente”.
A China também respondeu ao anúncio do presidente norte-americano e criticou os EUA por tentar influenciar o julgamento do ex-presidente brasileiro pelo Supremo. Na 6ª feira (11.jul), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, disse que o governo norte-americano descumpre regras da ONU (Organização das Nações Unidas). “Igualdade soberana e não interferência em assuntos internos são princípios importantes da Carta da ONU”, declarou Ning.
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.

Faça um comentário