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São Paulo e Manaus lideram alertas de risco no país, diz diretora do Cemaden

“A cidade para qual mais emitimos alertas de deslizamento desde 2016 é Manaus”, informou Regina Alvalá, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A cidade de São Paulo foi a que mais recebeu alertas sobre risco de inundações, alagamentos e enxurradas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) desde 2016. No topo do ranking, também está Manaus, com mais avisos no país sobre possibilidade de deslizamentos.

As informações são da diretora substituta do Cemaden, Regina Alvalá, dadas em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, publicada nesta terça-feira. Ela diz que mudanças climáticas têm tornado mais frequentes eventos extremos como o visto agora no Litoral Norte de São Paulo. Para ela, o caos na região foi potencializado pelo fato de as cidades estarem cheias de turistas para o carnaval.

Um deslizamento de terra atingiu seis casas, nesta segunda-feira (20), no bairro Cidade de Deus, na Zona Norte de Manaus. Alguns moradores ficaram feridos. Não há registro de mortes. O acidente ocorreu na Rua Internacional, por volta das 2h da madrugada, durante o temporal.  Não houve vítimas fatais.

“A cidade para qual mais emitimos alertas de deslizamento desde 2016 é Manaus. E a primeira do ranking de alertas para enxurras e alagamentos é São Paulo. A Região Serrana do Rio e a própria cidade do Rio também são críticas, assim como cidades de Santa Catarina. Grandes capitais como Manaus, São Paulo, Rio, Salvador e Recife têm uma região metropolitana com grande adensamento populacional. São cidades críticas do ponto de vista da necessidade de um olhar específico”, disse.

Veja a entrevista:

Chuvas tão intensas e com essa dimensão de estragos eram previstas para o Litoral Norte de São Paulo?

Havia preocupação com o Litoral Norte desde quinta de manhã. Na sexta, tivemos reunião com a Defesa Civil nacional e com Defesa Civil de São Paulo. Tínhamos uma nota técnica sobre os riscos com essa previsão de chuvas fortes. Mas é difícil precisar exatamente o que ocorreria. Quando a gente pega essa região de São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba e Ilhabela, cidades mais impactadas, são quase dois mil quilômetros quadrados e uma população em torno de 350 mil pessoas. Mas, somente em Ubatuba, no feriado de carnaval a população pode chegar a 800 mil pessoas. Isso aumento mais ainda o que a gente chama de risco de impactos para a população. Esse impacto às vezes acaba triplicado, porque esse aumento de população, obviamente, vai sobrecarregar os sistemas de saúde e de comunicação e pode acarretar em mais pessoas ilhadas e em mais carros levados pela enxurrada ou encobertos por água.
E são cidades montanhosas, com muita ocupação de encostas.

Como essas características contribuem para a tragédia?

Há um crescimento dessas áreas sem planejamento estratégico. A gente vê as cidades crescendo, mais condomínios sendo construídos, mais aumento de casas sem devida análise, e muitas vezes se desmata os topos dos morros. São Sebastião teve mais de 600 milímetros de chuva em pouquíssimas horas. É como se você pesgasse um metro quadrado de área e jogasse sobre ela 600 litros de água. Quando há chuvas muito fortes e o solo não tem capacidade de reter essa água, se essa água não tem como ser escoada para áreas que vão gerar menos impactos, a tragédia começa. E tudo isso pode ser juntar ao lixo. Esse volume de chuva muito alto pode ser inserido como sinal de mudanças climáticas, de eventos extremos cada vez mais frequentes.

Então, temporais como este no Litoral de São Paulo serão cada vez menos raros?

A gente tem observado eventos mais intensos em intervalos de tempo menores. É aquela chuva torrencial em quantidade para um mês ou dois meses caindo em duas horas. Chuvas mais intensas e frequentes se associam a impactos de mudanças climáticas. E se caem em áreas urbanas causam grandes estragos como temos visto nos últimos anos. Foi assim no Sul da Bahia no final de 2021; no início de 2022 na Região Metropolitana do Rio e depois na Região Metropolitana de São Paulo; em Petrópolis em fevereiro e março do ano passado; e na Costa Verde em abril. Em junho, foi em Recife, e agora temos essa tragédia no Litoral Norte de São Paulo. Em menos de um ano e meio temos um bom pacote de eventos que provocaram muitas mortes. Quando avisamos com mais antecedência, com ações rápidas e eficientes é possível minimizar o número de mortes.

E como os governos podem atuar para prevenir desastres diante desse cenário, de chuvas cada vez mais intensas?

Agora voltamos a ter Ministério das Cidades, e semana passada tivemos uma reunião com pasta, que vai trabalhar com a gente em estreita sintonia. Elencamos os 20 municípios do Brasil mais prioritários em termos de risco. Hoje o Cemaden monitora 1.038 municípios, maioria com riscos de deslizamentos de terra, outros de inundações, enxurras e enchentes. Alguns têm as duas tipologias. Desses 1.038, temos 825 onde, com base nos dados do censo do Ibge, estimamos 8,3 milhões vivendo em áreas de risco. Também desenvolvemos índice de vulnerabilidade para 443 municípios com população de mais de 6 milhões vivendo em áreas de risco para deslizamento de terra. Todos esses dados serão atualizados agora com o novo Censo do IBGE, nosso parceiro.

Quais são as cidades mais prioritárias?

A cidade para qual mais emitimos alertas de deslizamento desde 2016 é Manaus. E a primeira do ranking de alertas para enxurras e alagamentos é São Paulo. A Região Serrana do Rio e a própria cidade do Rio também são críticas, assim como cidades de Santa Catarina. Grandes capitais como Manaus, São Paulo, Rio, Salvador e Recife têm uma região metropolitana com grande adensamento populacional. São cidades críticas do ponto de vista da necessidade de um olhar específico.

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