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Amazonas

Principais rios da Amazônia Ocidental estão abaixo da faixa da normalidade para a época do ano, diz Boletim de Monitoramento do Serviço Geológico do Brasil

O rio Negro, em Manaus apresentou diminuição da recessão diária, com descidas médias nos últimos dias na ordem de 12 cm.

Rio Madeira atinge a cota de 15 metros em Porto Velho. (Foto: Defesa Civil/ Porto Velho)

O último Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental, do Serviço Geológico do Brasil (antigo CPRM), do último dia 6 de outubro, aponta que os principais rios da Região estão abaixo da faixa da normalidade para a época. Os rios são hidrovias, fonte de água e de energia e as perspectivas são desoladoras: especialistas apontam que os rios podem levar até quatro anos para voltarem a níveis normais.

De acordo com o Boletim, o comportamento atual dos níveis dos rios, em comparação aos dados observados nas respectivas séries históricas apresentados nos cotagramas ao final do boletim, verifica-se os seguintes padrões:

Bacia do rio Negro: Nesta semana, o rio Negro em São Gabriel da Cachoeira apresentou descidas regulares e em Tapuruquara desceu com menor intensidade. Em Barcelos, o Negro manteve o comportamento de descida e em Manaus apresentou diminuição da recessão diária, com descidas médias nos últimos dias na ordem de 12 centímetros (cm). Os níveis registrados nesta calha apresentam valores abaixo da faixa da normalidade para a época.

Bacia do rio Branco: O rio Branco em Boa Vista desceu 28 cm ao longo da semana e apresenta níveis abaixo da faixa da normalidade para o período. O Branco em Caracaraí também apresentou descidas na última semana, contudo as cotas registradas estão dentro da faixa da normalidade.

Bacia do rio Solimões: Em Tabatinga, o rio Solimões voltou a descer ao longo da semana, apresentando descidas médias diárias de 10 cm. Já em Fonte Boa e Itapéua, o rio apresentou pequenas oscilações diárias. Em Manacapuru, também foi registrada certa diminuição na intensidade de descida do rio. As estações monitoradas no rio Solimões apresentam níveis abaixo da faixa da normalidade para o périodo.

Bacia do rio Purus: O rio Acre em Rio Branco apresentou pequenas oscilações ao longo da semana e certa estabilidade no registro mais recente, mas os níveis apontados estão abaixo da faixa da normalidade para o período. Em Beruri, o rio Purus desceu com menor intensidade nesta semana, mas os níveis estão abaixo da faixa da normalidade para a época.

Bacia do rio Madeira: O rio Madeira em Humaitá continua descendo, mas com menor intensidade, contudo apresenta níveis abaixo da faixa da normalidade para este mês.

Bacia do rio Amazonas: Ao longo da semana, o rio Amazonas desceu uma média diária de 13 cm no Careiro da Várzea e 14 cm em Itacoatiara, os níveis apontados nestas estações estão abaixo da faixa da normalidade para o período. Por motivos operacionais não foi possível a atualização dos dados da estação de Parintins.

Os especialistas alertam que o pior momento de seca nesta temporada ocorre em outubro e com recordes e tendências pessimistas para as vazões, é possível que se aproximem do recorde histórico anual.

Os rios são interligados, ou seja, as águas de um rio são distribuídas em suas ramificações. Em uma bacia como a Amazônica, que tem cerca de mil rios, a seca cria um efeito cascata. A previsão é de que, no médio prazo, isso impacte outros estados.

No Brasil, o sistema de energia não é independente. As usinas são conectadas e servem ao sistema que abastece o país como um todo. Com a estiagem, usinas no Norte estão sendo impactadas e isso pode ocasionar o desabastecimento não só da região, mas de parte do sistema nacional.

O especialista do Cemaden Márcio Moraes, que integra a sala de crise da Região Norte, explica que os rios são interligados e a baixa vazão recorde pode afetar rios de outras regiões. “Os rios formam ramificações e vão se juntando. Se há seca em uma região, as ramificações também são impactadas ao longo do tempo”, disse.

Ele reforça a preocupação com o abastecimento de energia. “Tem pontos nessa bacia que tem as hidrelétricas. Se a seca permanecer como na previsão, as usinas vão ter que desligar turbinas e como todo o sistema nacional é interligado, vai afetar todo o nosso sistema de distribuição de energia. É uma questão nacional”, diz.

Moraes explica que a recuperação do nível dos rios é algo a longo prazo e que a expectativa é de que possa levar até quatro anos para que se estabilize os níveis normais. “Uma seca como essa não se resolve em um ano. É preciso não só volume de chuva, mas tempo para que os rios possam absorver essa água e retomar o nível normal. Estamos falando de algo em torno de quatro anos”, disse.

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