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Amazonas

MPF reforça necessidade de cooperação transnacional para enfrentar crimes ambientais na Amazônia

Em evento realizado em Manaus, coordenador da Câmara Ambiental do MPF defendeu fortalecimento da parceria entre Brasil, Colômbia e Peru

Fomentar a cooperação transnacional por meio de debates e painéis sobre segurança na Bacia Amazônica. Esse foi o objetivo do Encontro regional Superando Crimes Ambientais na Amazônia, realizado nos dias 22 e 23 de março, em Manaus (AM).

Organizado pelo Instituto Igarapé, com o apoio da Interpol e da Associação Ibero-Americana do Ministério Público (Aiamp), o evento reuniu autoridades ambientais, polícias, Ministérios Públicos e órgãos de inteligência financeira do Brasil, Colômbia e Peru.

O Ministério Público Federal (MPF) foi representado no evento pelo coordenador da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural, Juliano Baiocchi.

Na avaliação do subprocurador-geral da República, a iniciativa é importante para “fortalecer os espaços de diálogo e os mecanismos de cooperação regional e internacional já existentes, aprimorando a interlocução com a sociedade civil organizada como ferramenta de integração institucional”.

Baiocchi foi um dos expositores no painel que discutiu a cooperação judiciária entre ministérios públicos do Brasil, Colômbia e Peru no enfrentamento dos crimes ambientais na Amazônia.

O coordenador da Câmara Ambiental do MPF destacou medidas tomadas pela instituição para fortalecer a atuação na Região Amazônica, como a criação de 30 novos ofícios socioambientais e a aquisição de embarcações e aeronaves que visam a facilitar o deslocamento dos procuradores na área.

Também destacou o lançamento do GeoRadar, ferramenta tecnológica que reúne mais de 450 bases de dados georreferenciadas. A plataforma possibilita o cruzamento de informações de forma ágil e a geração de mapas interativos, que servem de subsídio para a atuação dos procuradores, especialmente na matéria ambiental.

“É um recurso que permite o mapeamento e o acompanhamento de infrações e crimes ambientais, com a localização de áreas degradadas de forma precisa, sem a presença do procurador no local”, explicou Baiocchi. Além disso, a ferramenta agrega outras informações, como dados geográficos, geoeconômicos, demográficos etc.

O subprocurador-geral mencionou, ainda, a experiência do Projeto Amazônia Protege, lançado pelo MPF em 2017. O objetivo da iniciativa, segundo explicou, é combater o desmatamento ilegal, reparar o dano ambiental e evitar a regularização fundiária de áreas desmatadas ilegalmente. Para isso, o órgão utiliza imagens de satélite e cruzamento de dados públicos.

Ao todo, foram ajuizadas 3.562 ações civis públicas, com a cobrança de mais de R$ 8,7 bilhões de indenização pelos danos causados, além da reparação de 546.456 hectares de floresta degradados. Segundo Baiocchi, o trabalho terá continuidade e será aprimorado com a utilização do GeoRadar.

Cooperação – Em relação aos desafios para a cooperação regional, Baiocchi ressaltou o combate ao crime ambiental organizado e a problemática da mineração ilegal na tríplice fronteira. Apontou, também, a necessidade de um sistema integrado de prevenção ao tráfico de madeira e a possibilidade de uso de sistemas de alerta de desmatamentos na aplicação da legislação florestal, em conjunto com o World Resources Institute (WRI) e o apoio dos Estados Unidos (EUA).

O coordenador da Câmara Ambiental do MPF sugeriu a criação de um fluxo informacional bilateral, inicialmente com os mercados consumidores de madeira, especialmente EUA, para definir uma estratégia que inviabilize o acesso ao comércio internacional da madeira pelos produtores ilegais no Brasil. Baiocchi também falou sobre a equivalência dos parâmetros de rastreabilidade exigidos dos fornecedores brasileiros para Peru e Colômbia.

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