Amazonas
Ministério Público prende policiais do Amazonas suspeitos de formarem milícia para prática de extorsão mediante sequestro
Um dos sequestrados chegou a ser levado para a própria casa de um policial militar que integrava o grupo., diz promotor.

O Ministério Público do Amazonas (MPAM) informou que realizou, na manhã desta terça-feira (29/07), a Operação Militia e prendeu oito policiais militares e um perito da Polícia Civil do Estado – cujos nomes não foram divulgados -, suspeitos de integrarem uma milícia que praticava em crimes como roubo e extorsão mediante sequestro. A operação cumpriu nove mandados de prisão, sendo oito de prisão preventiva contra policiais militares e um de prisão temporária contra um perito da Polícia Civil. Também foram realizados 16 mandados de busca e apreensão. As operações ocorreram nas residências dos policiais e no Batalhão da Força Tática, localizado no Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), bairro Praça 14, zona sul da cidade.
O perito da Polícia Civil, que havia sido preso temporariamente durante a operação, foi colocado em liberdade, após prestar depoimento e colaborar com as investigações.
A investigação em torno do caso começou a partir da divulgação do vídeo de um dos sequestro que foi registrado por câmeras de segurança. O promotor de Justiça Armando Gurgel Maia revelou que, na ocasião, um grupo de pessoas usando coletes, balaclavas e armamentos, foi flagrado retirando um homem de dentro de um carro.
O promotor disse que a abordagem foi filmada por testemunhas. As imagens mostraram um Corolla que abordou, por trás, um Ônix, onde estava a vítima, que foi fechado, pela frente por uma S10 branca. A janela do ônix quebrada e a pessoa que estava dentro foi retiradade dentro do veículo e desapareceu, sendo encontrada, horas depois por uma equipe da Polícia Militar, no bairro Santa Etelvina, na zona Norte de Manaus.
Segundo o promotor, os milicianos usavam os próprios veículos com placas frias para cometer os crimes e selecionavam alvos com quem tinham algum tipo de atividades criminosas ou tinham parentes envolvidos com esse tipo de atividade, ou ainda pessoas que sob investigação. “A ideia desses agentes era a busca por dinheiro, armas, drogas, alguma coisa que eles pudessem angariar e posteriormente converter em alguma vantagem econômica”, explicoua.
O promotor disse que os suspeitos usavam sempre balaclavas, coletes, com roupas manga longa, para esconder o corpo e possíveis tatuagens, armas longas e agiam como estivessem realmente fazendo uma abordagem policial. “Eles encurralavam os veículos das vítimas, as retiravam do mesmo e em seguida as levavam, com o rosto coberto, para cativeiros”, disse.
Um dos sequestrados chegou a ser levado para a própria casa de um policial militar que integrava o grupo. A abordagem que deu inicio às investigações aconteceu à luz do dia, foi filmada e amplamente divulgada na imprensa e aconteceu no dia 14 de fevereiro deste ano.
“Nós começamos as investigações, alcançamos alguns indícios de autoria e conseguimos descobrir uma das ações quando ela tinha acabado de acontecer, há poucos dias. Chegamos as vítimas, que não tinham coragem de denunciar inicialmente, mas com o acolhimento do MP, foi possível ouvir essas vítimas e colher mais detalhes que nos ajudaram nessa operação de hoje”, informou Gurgel.
Segundo ele, uma das vítimas chegou a escapar de uma das tentativas de sequestro e teve o carro atingido por tiros disparados pelos policiais. Três vítimas foram identificadas e ouvidas, mas o MPAM acredita que existam muito mais.
Durante as investigações, os agentes conseguiram localizar um casal, vítima de uma abordagem em que os criminosos extorquiram cerca de R$ 300 mil.
Os suspeitos foram levados ao 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e para audiência de custódia para ficarem à disposição da Justiça.
O comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas, coronel Klinger Paiva, afirmou que a polícia não compactua com os crimes cometidos pelos agentes e que a PM está à disposição dos órgãos de fiscalização e controle. “Nós acreditamos que esses policiais que estão envolvidos nessa investigação, nesses crimes, eles não representam os mais de 8.500 policiais que estão na rua, que têm um compromisso com a sociedade de proteger e servir”, disse.
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