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Amazonas

Médicos relatam caos na saúde do Amazonas; falta de pagamento levou à debandada de profissionais em 2019

De acordo com matéria do site Uol, 549 médicos deixaram de atuar em Manaus, no ano passado. Profissionais que seguem atendendo relatam medo e riscos durante a pandemia

Brasil segue sem casos de coronavírus. Foto: Erasmo Salomão/ Ministério da Saúde

“Estou com medo de morrer. Medo de infectar minha família. As unidades de saúde viraram ambientes de propagação do coronavírus. As pessoas estão começando a morrer nas casas. Não houve gestão adequada, o governo não sabe o que fazer”. O relato da médica Patrícia Sicchar expõe o caos da saúde no Amazonas, que teve, ainda, uma baixa de 549 médicos, somente no ano passado, por falta de pagamento. As informações são do site Uol.

Patrícia, que é vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas e médica do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu), contou à publicação que o Estado vive “um caos total”. “Chorei muito ontem quando estava atendendo os pacientes da emergência. O olhar deles era pedindo socorro, e não tem vaga para transferir em lugar nenhum”, afirmou.

A falta de segurança para os profissionais da saúde, não apenas nos hospitais que estão concentrando pacientes confirmados ou com suspeita de Covid-19, mas em outras unidades, como as maternidades, tem sido constantemente denunciada pela classe. Na semana passada, a Justiça obrigou Governo do Amazonas e Prefeitura de Manaus a fornecerem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os trabalhadores que atuam nas unidades de saúde.

“Estamos vendo pacientes suspeitos com quadro clínico de agravando. Sem testes para eles nem para quem trabalha. Cada vez é maior o número de profissionais afastados. Não há tamiflu (medicamento antiviral). É tudo desordenado”, disse ao Uol um médico que trabalha numa unidade de pronto atendimento, que pediu para não ser identificado. A Susam afirma que todas as unidades de saúde do estado estão sendo abastecidas com EPIs.

No momento em que a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Manaus é estimada em 95%, o medo dos profissionais que atuam na linha de frente no combate à pandemia se soma à sobrecarga. A secretária estadual de Saúde, Simone Papaiz, disse, durante entrevista coletiva realizada esta semana, que o Estado encontra dificuldade para contratar recursos humanos.

De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam), no ano passado, 549 médicos das mais variadas especialidades – quase 10% dos profissionais aptos a praticar medicina no estado – deixaram de trabalhar na cidade de Manaus. “O governo do Amazonas demora três, quatro, cinco meses para pagar os salários dos médicos. Eles acabam saindo para trabalhar em outras cidades onde eles vão receber em dia. Agora esses médicos fazem falta”, afirmou José Fernandes Sobrinho, presidente do Cremam.

A Susam respondeu à publicação que “não atrasa salário de servidor público, e todos os médicos estatutários recebem seus vencimentos regularmente. Médicos prestadores de serviços por meio de empresas médicas contratadas pelo estado recebem pró-labore das empresas das quais fazem parte, como sócios ou cooperados”.