Amazonas
Investimento no Master violou política do Amazonprev, diz relatório preliminar de GT do Tribunal de Justiça do Amazonas
Grupo de trabalho do TJAM constatou falhas na aprovação de investimento de R$ 50 milhões; Amazonprev afirma que o valor não necessitava de aprovação colegiada.
O investimento de R$ 50 milhões em letras financeiras do Banco Master realizado pelo fundo de pensão dos servidores do Amazonas violou as políticas de alçada do instituto e teve falhas críticas de controles e no processo de aprovação do ativo, segundo relatório preliminar de auditoria do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) ao qual o Estadão/Broadcast informou que teve acesso.
Procurado, o Amazonprev informou, por meio de nota, que “teve resultado positivo de cerca de R$ 1,1 bilhão apenas entre janeiro e outubro deste ano” e que tem recursos para pagar as aposentadorias e pensões de todos os servidores, incluindo os da ativa, por toda a vida, e ainda sobram R$ 1,7 bilhão. Também afirma que a aplicação em Letra Financeira do Banco Master representa menos de 0,5% do total de aplicações da instituição, e que esse montante não precisaria de aprovação colegiada (leia mais abaixo a nota na íntegra).
A análise que chama a atenção para o negócio consta de documento formulado por um grupo de trabalho criado em outubro pelo TJAM para acompanhar as apurações dos investimentos no Master. O comitê teve acesso aos documentos reunidos por uma sindicância interna do Amazonprev, a partir dos quais chegou à seguinte conclusão:
“Os fatos apurados revelam possível violação da política de alçadas estabelecidas nos manuais da Amazonprev, ausência de submissão às instâncias deliberativas competentes, deficiência crítica de controles internos e reconhecimento formal pela própria Amazonprev de falhas substanciais no processo de escolha e aprovação dos investimentos. Pelo que consta nos anexos, o Comitê de Investimentos não foi devidamente consultado, tampouco foram submetidas ao conselho de administração as operações em letras financeiras”.
Segundo o Estadão/Broadcast, a aplicação nos títulos do Master foi feita em junho de 2024, mas a autorização para ela só foi assinada pelo então novo presidente no mês seguinte, quando Ary Renato Vasconcelos de Souza tinha apenas 28 dias no cargo.
O relatório mostra que, além de não ter passado por deliberação do comitê, o investimento ficou oculto dos relatórios e só veio à tona após questionamento de um membro do Conselho Fiscal, em outubro de 2024, quatro meses depois. Naquele mês, o colegiado inseriu uma ressalva na avaliação do relatório de investimentos.
Após a descoberta da aplicação pelo Conselho Fiscal, a aplicação passou a constar nas contas do instituto e virou alvo de uma sindicância interna. Até hoje, porém, os conselheiros não tiveram acesso às conclusões da auditoria e aos documentos que embasaram a decisão de aplicar nas letras financeiras.
Os dados obtidos pelo grupo de trabalho do TJSM são, portanto, os primeiros disponíveis com detalhamento do enredo. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, porém, o documento é visto como uma conclusão preliminar, uma vez que o resultado final da sindicância não foi revelado.
Em reunião do conselho de administração deste mês, integrantes do colegiado cobraram a divulgação dos resultados da sindicância aberta para apurar o caso, com a expectativa de que o tema seja deliberado em reunião extraordinária agendada para 29 de dezembro.
O relatório do grupo de trabalho do TJAM sugere que seja desfeito o investimento no Banco Master e que os fatos sejam comunicados ao Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado. Além disso, cita propostas para se aprimorar o processo de aplicação e a governança do instituto, tais como restringir a indicação de cargos de liderança e dos conselhos a servidores efetivos.
Além do Amazonprev, outros 17 institutos de previdência de servidores municipais e estaduais compraram letras financeiras do Banco Master, num total de R$ 1,8 bilhão. O título não possui cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e está sob o risco de perdas depois que o Banco Central decretou a liquidação do Master, em 18 de novembro.
O que diz a Amazonprev
O Amazonprev teve resultado positivo de cerca de R$ 1,1 bilhão apenas entre janeiro e outubro deste ano.
Para se ter ideia, o superavit atuarial do Amazonprev (FPREV- Fundo Previdenciário em 2024) foi de R$ 1,7 bilhão. Isso quer dizer que o fundo tem recursos para pagar as aposentadorias e pensões de todos os servidores — incluindo os da ativa — por toda a vida e ainda sobram R$ 1,7 bilhão.
A aplicação em Letra Financeira do Banco Master, no valor de R$ 50 milhões, embora seja um valor significativo em números absolutos, representa menos de 0,5% do total de aplicações da instituição. Esse montante não precisa de aprovação colegiada.
Outro dado que reforça a solidez do Amazonprev é o relatório mais recente das consultorias Lema e Crédito e Mercado, que atendem 760 RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social) do País — 36% dos do total dos fundos RPPS existentes. Em 2024, a rentabilidade média dos fundos foi de 6,88%; a da Amazonprev foi de 7,12%.
Esses resultados são fruto de uma gestão técnica, responsável e transparente do Governo do Estado do Amazonas em relação à aposentadoria dos seus servidores.
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