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Amazonas

Governo Wilson Lima adota política de extermínio de pobres, negros e indígenas, afirma Associação

Nas várias ocorrências citadas, o documento informa que entre os dias 7 e 18 de junho deste ano, 55 pessoas foram violentamente assassinadas em Manaus.

A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) publicou nota em seu site, na última terça-feira, 13/7, denunciando a atuação das forças de segurança do governo do Amazonas. Segundo a ABA, “a cada chacina, no Jacarezinho, Crespo, Abacaxis ou Tabatinga; a cada justificativa institucional para as mortes, o que percebemos é o fortalecimento de uma política de segurança pública dirigida para o extermínio de pessoas pobres e periféricas, negras, indígenas e suas descendentes, sob a justificativa da proteção dos “cidadãos de bem”.

Fundada em 1955, a ABA demonstra preocupação com a crescente onda de violência durante a gestão do governador Wilson Lima, não só em Manaus como também em cidades do interior do estado. A nota lista os crimes, datas e cita a presença das forças de segurança do Estado envolvidas nos confrontos que resultaram em mortes de várias pessoas.

De acordo com a ABA, uma reportagem na Folha de São Paulo, pelo menos sete pessoas foram executadas por membros da Polícia Militar nem Tabatinga (AM), entre os dias 12 e 13 de junho de 2021. “As vítimas, homens negros e descendentes de indígenas, tinham entre 17 e 27 anos. Um deles foi morto em sua própria casa, dois na rua e três encontrados no lixão da cidade com sinais de tortura e decapitação. Todas as mortes ocorreram horas após a de um policial militar divulgada, inicialmente, como latrocínio”, informa o documento.

“Essa não é a primeira acusação de chacina na atual gestão da Segurança Pública do Governo do Amazonas. Em outubro de 2019, 17 pessoas foram mortas no bairro Crespo, zona sul de Manaus, em uma operação policial. As vítimas tinham entre 14 e 28 anos. Os indícios de chacina foram descritos em relatório do Ministério Público do Estado do Amazonas: pessoas mortas sem sinal de pólvora nas mãos; tiros “precisos, certeiros e fatais” disparados à noite em local sem energia elétrica; nenhuma pessoa presa ou policial ferido; e corpos retirados do local antes da perícia”, relata o documento.

A ABA lembra que, em agosto de 2020, um confronto na região do Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte (AM), provocou a morte de 2 policiais durante operação da Polícia Militar. “Nas semanas seguintes, nova ação policial foi realizada e o Ministério Público Federal recebeu diversos relatos de abuso e violação de direitos contra populações tradicionais. Em nota assinada por dezenas de entidades, a Comissão Pastoral da Terra denunciou a morte de 5 pessoas, entre elas “um indígena da etnia Munduruku, três ribeirinhos e um suposto traficante, além do desaparecimento de dois adolescentes e de um indígena Munduruku, e seis pessoas feridas”.

Esses acontecimentos, de acordo com o documento, “ tornam temerosa a informação de que, entre os dias 7 e 18 de junho deste ano, 55 (cinquenta e cinco) pessoas morreram violentamente em Manaus”. A notícia (veiculada pelo Jornal do Amazonas de 21 de junho) que apresenta esses números traz também o dado oficial de que 82 pessoas foram presas no mesmo período. Os números foram registrados dias depois de uma série de incêndios a ônibus, monumentos e bancos, além de explosões em delegacias, atribuídas a um coletivo criminal.

“Sabemos que os fatos ocorridos no Amazonas não são isolados e se observam em outros lugares de norte ao sul do país. Após quase quatro décadas de construção de instituições e mecanismos de controle do exercício policial, o que experimentamos no Brasil não parece ser uma situação de fraqueza estatal. A cada chacina, no Jacarezinho, Crespo, Abacaxis ou Tabatinga; a cada justificativa institucional para as mortes, o que percebemos é o fortalecimento de uma política de segurança pública dirigida para o extermínio de pessoas pobres e periféricas, negras, indígenas e seus descendentes, sob a justificativa da proteção dos “cidadãos de bem”, diz a ABA.

Ao encerrar a Nota, entidade enfatiza que “ se solidariza com as famílias, amigos e amigas das vítimas de Tabatinga, Crespo e Abacaxis e se soma aos movimentos de defesa dos direitos humanos e de combate à tortura para exigir das instituições estaduais e federais de controle uma atuação incisiva e célere na apuração das denúncias, uma rigorosa coação da violência estatal e o fortalecimento urgente do controle democrático da atividade policial”.

Leia Nota, na íntegra.

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