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Amazonas

FT: jornal econômico mais influente do mundo retrata “insucesso” de militares na Amazônia

O jornal disse que o país tem o Ibama e o ICMBio, especializados no assunto de fiscalização da Amazônia, mas que tiveram seus orçamentos comprimidos.

O mais influente jornal de economia do mundo, o Financial Times, publicou, nesta terça-feira (11/05) uma reportagem dizendo que a as Forças Armadas brasileiras não conseguiram combater o desmatamento, apesar de terem aplicado multas e apreendido 500 mil metros cúbicos de madeira contrabandeada.

“O desmatamento atingiu no ano passado seu nível mais alto em 12 anos na região, com madeireiros ilegais, garimpeiros e grileiros derrubando mais de 11 mil quilômetros quadrados de floresta – uma área sete vezes o tamanho de Londres”, diz a reportagem.

O jornal disse que o país tem o Ibama e o ICMBio, especializados no assunto de fiscalização da Amazônia, mas que tiveram seus orçamentos comprimidos, ficando a fiscalização a cargo dos militares, que não têm experiência neste tipo de ação.

A questão do desmatamento na Amazônia está levando fundos a deixarem de investir no país, ameaça o acordo Mercosul e União Europeia e ainda enquadra o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima, que prometeu que ampliaria a fiscalização.

Segundo a reportagem, as dúvidas persistem sobre a missão do Exército para salvar a floresta tropical do Brasil. Ativistas ambientais dizem que o poderio militar não é a resposta.

Segundo o jornal, a escala da ação militar do Brasil na floresta amazônica é mais bem ilustrada com números: nos últimos dois anos, quase 4.000 soldados lançaram centenas de missões para combater o desmatamento ilegal, resultando em milhões de dólares em multas e na apreensão de 500 mil metros cúbicos de madeira contrabandeada.

Mas, segundo o FT, “infelizmente para as forças armadas do país – que no mês passado se retiraram da maior floresta tropical do mundo após o término das Operações Brasil Verde 1 e 2 – os números mais importantes são menos impressionantes”.

A reportagem diz que “apesar da presença das tropas, o desmatamento na Amazônia no ano passado atingiu seu nível mais alto em 12 anos, com madeireiros ilegais, garimpeiros e grileiros derrubando mais de 11 mil quilômetros quadrados de floresta – uma área sete vezes o tamanho de Londres”.

Essa destruição, informa, gerou uma pressão global crescente sobre o Brasil, em meio a preocupações com o impacto da perda generalizada de árvores nas mudanças climáticas.

“As tropas fizeram o melhor que puderam”, disse Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do Brasil. “A aplicação da lei na Amazônia não é uma tarefa fácil e nós reconhecemos isso. É um grande território com muitos obstáculos e é muito, muito caro. ”
“O exército vinha com operações caras e chamativas – e com certa arrogância”, diz José Augusto Pádua, professor de história ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Em vez de aprender com quem realmente conhece a floresta tropical, eles vieram com a crença de que sabem como resolver tudo.”

O Ibama tem atualmente um orçamento anual para o combate aos crimes ambientais de R $ 64,5 milhões ($ 12 milhões) por ano. Em comparação, a implantação militar de dois anos custou quase US $ 100 milhões, de acordo com o Ministério da Defesa do Brasil, informa o jornal

“Tivemos ações isoladas do Exército, que geraram alguns resultados, alguns impactos, mas muito aquém do que seria alcançado se tivéssemos integração com órgãos federais como o Ibama”, diz André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, a sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento sustentável. Ele ressalta que o Ibama foi forçado a jogar o segundo violino em muitas das operações militares.