Amazonas
Defensoria pede reunião com Ministério da Justiça sobre questões ambientais em região de garimpo no sul do Amazonas
Objetivo é discutir uso de explosivos em operações contra o garimpo ilegal e os impactos sociais e ambientais para populações vulneráveis.

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) informou que solicitou, na quinta-feira (11/09), uma reunião em caráter de urgência com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para tratar do uso de explosivos em operações de combate ao garimpo ilegal no Rio Madeira, na região de Humaitá, no sul do Estado. Segundo a DPE-AM, o gabinete do ministro confirmou o recebimento do ofício e informou que a agenda deve ser definida na próxima semana.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou pedido liminar da DPE-AM que buscava suspender o uso de explosivos pelas forças de segurança para destruir balsas, dragas e outros equipamentos usados pelos garimpeiros. Segundo a DPE-AM, há desproporcionalidade da tática utilizada no combate aos garimpeiros e as ações vêm gerando” graves impactos sociais, ambientais e humanitários para as populações ribeirinhas que vivem na região”.
O defensor público Théo Costa disse que o objetivo da instituição é assegurar direitos básicos das comunidades que dependem do extrativismo mineral e que têm sido diretamente atingidas pelas operações.
“A Defensoria Pública tem plena consciência dos danos ambientais causados pela prática ilegal do garimpo. Ainda assim, a utilização de bombas de grande porte no leito do rio provoca mortandade de peixes, jacarés, tracajás e outros animais silvestres, além de gerar prejuízos sociais imensuráveis”, afirmou o defensor. Ele acrescenta que o garimpo, embora ilegal quando feito de forma descontrolada, é uma atividade prevista na Constituição.
“No artigo 174, parágrafo 3º, a Constituição Federal admite a realização da atividade, desde que sejam observadas as exigências de proteção ao meio ambiente e as garantias sociais”, destacou.
No Mandado de Segurança apresentado ao STJ, a Defensoria anexou relatório produzido pelo Grupo de Trabalho Teko Porã – Vida Digna, que evidencia a desproporcionalidade das operações realizadas no Rio Madeira. O documento aponta que mais de 5 mil famílias dependem da atividade e são diretamente afetadas pelas ações de repressão.
O estudo foi elaborado a partir de visita da Defensoria ao município de Humaitá, em julho, para ouvir moradores e avaliar os impactos sociais e ambientais enfrentados pelas comunidades ribeirinhas.
Com base nas informações coletadas, o relatório aponta “um cenário de extrema vulnerabilidade social, marcado por crianças e idosos traumatizados com os estrondos, famílias desabrigadas após a destruição de casas-balsas, perda de documentos pessoais, mortandade de peixes e contaminação da água – comprometendo a principal fonte de alimentação e de renda da região”.
A crise socioeconômica também se agravou em razão da desconfiança sobre a qualidade do pescado, reduzindo as vendas. Só na comunidade Paraíso Grande, 47 famílias dependem da pesca artesanal e da agricultura de subsistência, ambas prejudicadas pelas operações.
O relatório conclui que o combate ao garimpo ilegal é indispensável, mas precisa ser conduzido com respeito aos direitos fundamentais. Como recomendação, o documento sugere que o poder público adote medidas urgentes de assistência e reparação, inclua as famílias em programas habitacionais e desenvolva políticas sustentáveis que conciliem preservação ambiental com justiça social.
MPF recomenda a destruição, em 10 dias, de balsas e dragas do garimpo ilegal no rio Madeira
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