Conecte-se conosco

Amazonas

Covid-19: pesquisadores da cloroquina no Amazonas são ameaçados por ativistas virtuais

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) investiga ameaças de morte feitas ao médico da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fiocruz-AM, Marcus Lacerda.

O jornal Folha de S. Paulo e o G1 Amazonas informara que os pesquisadores que fazem um estudo conduzido em Manaus sobre o uso da cloroquina em pacientes de Covid-19 viraram alvo da ira e de ameaças de mortes de ativistas nas redes sociais . Por meio das redes sociais, os pesquisadores passaram a receber ameaças de morte e a polícia do Amazonas informou que está investigando as ameaças. Em rede social de um dos pesquisadores, perfis falsos escreveram: “Filho da puta maldito. Deve ser espancado quando pisar na rua!!” e “Assassino comunista fdp”.

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) investiga ameaças de morte feitas ao médico da Fundação de Medicina Tropical e pesquisador da Fiocruz-AM, Marcus Lacerda. Segundo ele, ema publicação em um site de Manaus, relatando, falsamente, que os pesquisadores usaram “ cobaias humanas”, geraram as ameaças. Em nota pública, Lacerda informou que um ativista publicou em uma rede social que “o estudo brasileiro era irresponsável e que tínhamos usado os pacientes como cobaias humanas”.

O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) em 23 de março, segundo os pesquisadores. No mesmo dia, a cloroquina passou a ser administrada aos pacientes de Manaus. Os primeiros resultados foram de que os pacientes “se beneficiaram discretamente” da cloroquina e que os resultados encorajavam a continuidade, mas que, em dose mais alta, o medicamento “pode, sim, dar arritmias graves e levar à morte”.

Os pesquisadores suspenderam a dose mais alta porque “havia tendência de mais efeitos colaterais nos pacientes em uso da maior dose”. Onze pacientes do grupo de alto risco morreram até agora, na maioria idosos. Em artigo publicado em inglês no site MedRxiv, os pesquisadores apontaram que pacientes com Covid-19 não deveriam tomar a dose usada na China, devido à toxicidade.

Segundo Lacerda, as ameaças foram feitas em sites, mídias sociais e veículos de comunicação. O médico afirmou ao G1 que o posicionamento é incorreto, pois todos os requisitos éticos e legais foram seguidos durante a pesquisa.

“A interpretação equivocada do ativista e seus seguidores foi de que todas as mortes ocorridas no estudo se deveram ao uso das altas doses, sendo que nem todos os pacientes usaram a alta dose e todos eles tinham Covid-19 muito grave, vindo a falecer por conta da doença, o que ocorreu dentro da média mundial. Todos os registros estão disponíveis no centro, de acordo com as boas práticas clínicas, seguidas por toda a equipe de profissionais envolvidos no estudo”, disse.

O desdobramento da publicação, segundo Lacerda, gerou ataques a ele, à família e à equipe de pesquisadores envolvidos no estudo. “A Polícia Militar do Estado do Amazonas está vigilante e garantindo a segurança imediata de todos”, disse o médico na nota.

Inaceitável

Em nota, a Fiocruz defendeu os pesquisadores das ameaças de morte por fazerem pesquisas com a cloroquina. A instituição repudiou os ataques realizados no documento divulgado nesta sexta-feira.

Confira a nota na íntegra:

“O Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vem a público manifestar seu apoio aos pesquisadores responsáveis pelo estudo CloroCovid-19, que vem sendo realizado por mais de 70 pesquisadores, estudantes de pós-graduação e colaboradores de instituições com tradição em pesquisa, como Fiocruz, Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Universidade do Estado do Amazonas e Universidade de São Paulo.

A instituição considera inaceitáveis os ataques que alguns de seus pesquisadores vem sofrendo nas redes sociais, após a divulgação de resultados preliminares com o uso da cloroquina em pacientes graves com a Covid-19. Estudos como esse são parte do esforço da ciência na busca por medicamentos e terapêuticas que possam contribuir para superar as incertezas da pandemia de Covid-19. A pesquisa CloroCovid-19 permanece em andamento e foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

A Fiocruz tem trabalhado incansavelmente em diversas frentes de atuação e vem a público clamar pela tranquilidade e segurança de seus pesquisadores, requisitos essenciais para o desenvolvimento de seus estudos. É fundamental alertar que a busca por soluções não pode prescindir do rigor científico e do tempo exigido para obtenção de resultados seguros e que as pesquisas devem se manter, portanto, fora do campo narrativo que constrói esperanças em cima de respostas rápidas e ainda inconclusivas.

A Fundação apoia incondicionalmente seu corpo de pesquisadores, que estão absolutamente comprometidos com a ciência e com a busca de soluções para o enfrentamento dessa pandemia, e reafirma seu compromisso com a missão de produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira”. links coronavírus 17/04

Clique para comentar

Faça um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

17 + onze =