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Amazonas

AM: morre a 32ª criança cardiopata em tratamento no Hospital Francisca Mendes, este ano

José estava internado na UTI pediátrica da unidade, para tratamento de um quadro de infecção considerado gravíssimo e, depois, passar por cirurgia cardíaca.

José, de 4 meses morreu às 2h deste sábado (28.12), no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM). Ele nasceu com uma cardiopatia rara e estava internado na UTI pediátrica da unidade, para tratamento de um quadro de infecção considerado gravíssimo e, depois, passar por cirurgia cardíaca. A criança, a 32ª a morrer este ano em processo de atendimento no hospital, segundo familiares, também tinha seus mecanismos normais de defesa contra infecção comprometidos.

O HUFM é o hospital do governo do Amazonas de referência em tratamento de cardiopatias. A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou que o paciente morreu em função da gravidade do quadro em se encontrava. E que “todos os cuidados foram dispensados” enquanto ele estava em tratamento no hospital, mas não resistiu à infecção. Menos de 24 horas antes, uma outra criança cardiopata, Maria Eloah, de 3 meses, também cardiopata, morreu no mesmo hospital, após sofrer paradas cardíacas. Segundo a Susam, Eloah também morreu em função da gravidade do quadro em que se encontrava.

A quatro meses lutando pela vida, José era uma das mais de 200 crianças cardiopatas que estavam na fila de atendimento no HUFM este ano.

Neste mês de dezembro, depois de ser anestesiado e ter uma cirurgia adiada devido à falta de equipamento adequado para operação, Ícaro Davi de Castro Ferreira – de 3 meses – morreu também no HUFM. Segundo a Susam, após seis horas de operação, já ao fim do procedimento cirúrgico, o bebê, decorrente de um quadro de hipertensão pulmonar, sofreu colapso e não resistiu.

Na última quinta-feira, os deputados estaduais Wilker Barreto (Podemos) e Dermilson Chagas (PP) informaram que visitaram o HUFM e se depararam com o mesmo cenário visto nos últimos dias no local: equipamentos quebrados, falta de alguns medicamentos e, principalmente, a ausência de próteses e materiais especiais, considerados insumos essenciais para as cirurgias de grande porte, além do atraso dos salários dos funcionários, que estão há três meses sem receber.

Na última sexta-feira, governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), falou sobre as intervenções realizadas no hospital, prometendo dar celeridade à fila de espera de cirurgias e procedimentos médicos. Anunciou um chamamento público para contratação de cirurgias cardíacas, junto à iniciativa privada. Segundo ele, já há uma parceria com o Hospital da Criança, em São José do Rio Preto (SP), em parceria com a fundação americana Children’s HeartLink, que vai operar quatro pacientes do Amazonas por semana.

Em maio, aos três meses de vida, Helena Vitória Pascoal da Silva morreu no Hospital Francisca Mendes, em Manaus. Ela deveria ter passado por um cirurgia na noite anterior, quarta-feira, mas não foi submetida ao procedimento por falta de estrutura hospitalar, segundo a equipe médica e familiares, em entrevista ao site G1 Amazonas.

Segundo o site, o bebê aguardava uma cirurgia que nunca foi feita e, na semana anterior o procedimento foi suspenso por conta de uma infecção urinária. Remarcada, a cirurgia não aconteceu porque o HUFM não tinha leitos disponíveis na UTI pediátrica. Três leitos, naquela época, estavam interditados devido a um vazamento do telhado do centro médico. A Susam chegou a informar ]que a criança passou por cirurgia “mas não resistiu ao pós-operatório”. A família, revoltada com a situação e para reforçar que o bebê nunca passou pela cirurgia que precisava, abriu o caixão no velório para mostrar que o tórax de Helena não tinha cicatrizes.

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