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Amazonas

Governo Federal assina demarcação de 6 terras indígenas; a maior fica no Amazonas

O presidente disse que o governo vai trabalhar para demarcar o “maior número possível de terras indígenas”.

O presidente Lula e o Cacique Raoni, após a assinatura da demarcação. (Foto: Fátima Meira_Estadão)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou  nesta sexta-feira (28) a homologação do processo de demarcação de seis terras indígenas. A maior área demarcada fica em Uneiuxi, do povo Maku Nadëb,  em Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, com 551.983,8 hectares.

O presidente disse que o governo vai trabalhar para demarcar o “maior número possível de terras indígenas”. A declaração foi dada durante evento de encerramento do acampamento indígena Terra Livre, em Brasília.

Na ocasião, Lula levantou uma faixa contra o marco temporal sobre essas terras, questão em análise no Supremo Tribunal Federal (STF) .

“Nós vamos legalizar as terras indígenas, é um processo um pouco demorado, a nossa querida ministra sabe do processo, tem que passar por muitas mãos e a gente vai ter que trabalhar, a gente vai ter que trabalhar muito para que a gente possa fazer a demarcação do maior número possível de terras indígenas. Não só porque é um direito de vocês, mas porque se a gente quer chegar em 2030 com desmatamento zero na Amazônia a gente vai precisar de vocês como guardiões da floresta”, disse.

“Eu quero não deixar nenhuma terra indígena que não seja demarcada nesse meu mandato de quatro anos. Esse é um compromisso que eu tenho e que eu fiz com vocês antes da campanha”, afirmou o presidente.

Lula ouviu pedidos de servidores da Funai por melhoras no plano de carreira e disse que o governo discutirá o tema, porque os servidores do órgão não podem ser tratados como “trabalhadores de segunda categoria”.

“Nós precisamos cuidar do plano de carreira da Funai, que possivelmente é um dos piores planos de carreira existente no país. A gente vai ter que cuidar porque tem muita coisa para consertar”, afirmou.

O presidente também defendeu a adoção de medidas para garantir a saúde dos povos indígenas e disse que a crise sanitária que atingiu o povo Yanomami, que enfrentou casos de malária e desnutrição, “não pode acontecer”.

“Nós colocamos o indígena para cuidar da questão da saúde indígena. Ou seja, o papel do nosso companheiro responsável pela saúde é cobrar do governo, cobrar do presidente da República, cobrar da ministra da Saúde, cobrar do ministro-chefe da Casa Civil, todas as coisas pertinentes à área da saúde, porque a gente não pode deixar repetir o que aconteceu com os Yanomami lá no estado de Roraima. Não pode acontecer em nenhum povo indígena”, disse.

Marco temporal

A faixa contra o marco temporal levantada pelo presidente foi levada por um participante do acampamento. Lula pediu para que ele entregasse o material e o exibiu no palco.

O STF analisa se a demarcação de terras indígenas deve seguir o critério segundo o qual indígenas só podem reivindicar a demarcação das áreas ocupadas antes da data de promulgação da Constituição de 1988, o chamado marco temporal.

O julgamento já começou, mas saiu da pauta do STF em junho de 2022. Dois ministros votaram: relator do caso, Luiz Edson Fachin se manifestou contra a aplicação do marco temporal. O ministro Nunes Marques votou a favor.

A análise do tema, contudo, foi interrompida em razão do pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes. A presidente do STF, Rosa Weber, afirmou que o tema deve voltar a julgamento em 7 de junho.

Demarcação de terras

As seis terras indígenas homologadas por decreto durante a cerimônia desta sexta são:

Arara do Rio Amônia (AC), do povo Arara
Kariri-Xocó (AL), do povo Kariri-Xocó
Rio dos Índios (RS), do povo Kaingang
Tremembé da Barra do Mundaú (CE), do povo Tremembé
Avá-Canoeiro (GO), do povo Avá-Canoeiro
Uneiuxi (AM), do povo Maku Nadëb

São as primeiras homologações de terras indígenas do terceiro mandato de Lula e, segundo o governo, encerram um período de cinco anos sem demarcações. A homologação, feita por decreto assinado pelo presidente da República, é o último ato antes do registro formal da terra indígena.


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