Amazonas
Renda média cai no Amazonas nos dois primeiros anos da pandemia, diz pesquisa do IBGE
A pesquisa mostra ainda que os estados da região Norte concentram a maior queda nacional no percentual de pessoas com rendimento na população.
Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que nos dois anos da pandemia do Covid-19 os moradores do Amazonas tiveram queda de 7, 28% no rendimento médio entre os anos de 2020 para 2021. No comparativo com 10 anos atrás, a queda é de 24%.
De acordo com o IBGE, o rendimento domiciliar per capita em todo o Brasil caiu ao menor nível desde 2012.
No Amazonas, conforme a pesquisa, em 2020 a média mensal da população residente com rendimento a preços médios ficava em R$ 1.772,00. Em 2021, caiu para R$ 1.643,00. Em 2012, o rendimento mensal dos amazonenses era de R$ 2.162,00.
A pesquisa mostra ainda que os estados da região Norte concentram a maior queda nacional no percentual de pessoas com rendimento na população, entre 2020 para 2021.
Em 2020, cerca de 54,6 % tinham rendimento. Em 2021, caiu para 53,0%. Os dados superam a marca nacional que ficou em 61,% em 2020 e em 59,8% no ano passado.
No Brasil
O rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021, no Brasil, foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
A perda de renda afetou pobres e ricos em 2021, mas foi mais intensa para os brasileiros com menos condições financeiras, indica pesquisa divulgada nesta sexta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Conforme o levantamento, que vai além do mercado de trabalho e também analisa outras fontes de recursos, incluindo programas sociais, os 5% da população com menor renda tiveram queda de 33,9% no rendimento médio de 2020 para 2021.
A baixa é a mais intensa entre 13 classes pesquisadas pelo IBGE. Todas elas amargaram recuos na comparação dos dois últimos anos, sinaliza o instituto.
De 2020 para 2021, os 5% mais pobres viram o rendimento médio domiciliar per capita recuar de R$ 59 para R$ 39 por mês. Vem dessa comparação a queda de 33,9%.
A renda domiciliar per capita corresponde ao ganho total dividido pela quantidade de pessoas em cada residência.
A segunda perda mais intensa foi sentida pela camada que envolve os brasileiros com a segunda menor renda média. Trata-se da classe da população com rendimento de 5% a 10% mais baixo.
Nessa faixa, a renda despencou 31,8%, de R$ 217 para R$ 148, na passagem de 2020 para 2021.
Na outra ponta da lista, a parcela 1% mais rica registrou perda de 6,4%. A renda média per capita desse grupo recuou de R$ 17 mil para R$ 15,9 mil no ano passado.
Inflação espalha quedas
Os dados integram a Pnad Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2021. Além dos ganhos com o trabalho e programas sociais, o estudo também analisa fontes de renda como aposentadorias, pensões e aluguéis.
A pesquisadora Alessandra Brito, do IBGE, afirma que a inflação alta foi responsável por provocar perdas generalizadas entre os brasileiros no ano passado, já que os cálculos do estudo levam em consideração o aumento dos preços.
Segundo Brito, o que gerou quedas mais intensas entre os mais vulneráveis foi a redução ou o fim de programas de auxílio e transferências.
Entre eles, está o auxílio emergencial, criado em 2020, ano inicial da pandemia. A medida foi encerrada em 2021.
O que impediu prejuízos ainda mais intensos, pondera a pesquisadora, foi a retomada do mercado de trabalho, mesmo que esse movimento tenha sido insuficiente diante da crise.
O mercado de trabalho voltou, mais trabalhadores informais retornaram, mas a renda de outras fontes teve papel importante em 2020, sobretudo o auxílio, para segurar as pessoas que ganham menos”, afirma.
“Como teve mudanças no auxílio, esse colchão, que segurou a barra em 2020, começou a ser tirado ao longo de 2021. Afetou bastante essa população [mais carente]”, completa.
Na comparação com 2012, ano inicial da série histórica do IBGE, a renda média per capita dos 5% mais pobres despencou 48% em 2021. Ou seja, caiu quase pela metade, de R$ 75 para R$ 39. A baixa também foi a mais intensa da pesquisa.
Na outra ponta, o 1% da população com maior rendimento registrou perda de 6,9% no mesmo período. A renda da camada mais rica passou de R$ 17,1 mil em 2012 para os R$ 15,9 mil de 2021.
1% mais rico 1% recebe 38,4 vezes mais
De acordo com o IBGE, as pessoas que faziam parte do 1% mais rico receberam, em média, no ano passado, 38,4 vezes a renda da metade da população com os menores rendimentos, cuja média foi de R$ 415.
Essa diferença mostrou trajetória de redução de 2012 (38,2 vezes) até 2014 (33,5 vezes). Depois, voltou a crescer, até alcançar o pico da série histórica em 2019 (39,8 vezes), no pré-pandemia.
No início da crise sanitária, em 2020, a razão diminuiu para 34,8 vezes, sob efeito das alterações ocorridas na composição do rendimento domiciliar, que teve incremento de outras fontes de renda, como o auxílio emergencial.
Com o fim dessas medidas, e a recuperação incompleta do mercado de trabalho, a disparidade voltou a subir.
De 2020 para 2021, o percentual de domicílios com beneficiários de outros programas sociais, categoria que inclui o auxílio emergencial, caiu de 23,7% para 15,4%, diz o IBGE.
Enquanto isso, a proporção de residências com beneficiários do Bolsa Família aumentou de 7,2% para 8,6%.
A Pnad Contínua com recorte trimestral, também divulgada pelo IBGE, tem foco no mercado de trabalho. O estudo anual, cuja edição mais recente foi apresentada nesta sexta, possui olhar mais amplo para as demais fontes de renda.
Levantamento recente da Folha, a partir de microdados da Pnad Contínua trimestral, mostrou que os brasileiros com maiores salários tiveram uma perda individual maior se considerado apenas o rendimento médio do trabalho desde o começo da pandemia.
Esse grupo, porém, consegue se proteger de outras formas da crise, dizem analistas. A perda pode ser amenizada ou compensada, por exemplo, com investimentos financeiros.
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