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Risco de evasão escolar atinge até um terço de alunos do 9º ano no Norte e Nordeste

O estudo aponta, por exemplo, que nos anos iniciais, no Nordeste, mais de dez a cada cem alunos não tiveram contato frequente com as escolas e correm o risco de deixar os estudos.

Risco de evasão atinge quase 25% dos alunos do Norte e Nordeste. (Foto:Reprodução)

A evasão escolar pode atingir quase três em cada dez alunos do 9º ano do ensino fundamental, que estudam em escolas das capitais do Norte e Nordeste. Estudo feito pelo centro de pesquisas educacionais Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) e pelo Comitê de Educação do IRB (Instituto Rui Barbosa), em parceria com tribunais de contas, mapeou a participação dos alunos do 5º ano em escolas de 724 secretarias municipais de educação e de estudantes do 9º ano de 478 secretarias. A informação é do UOL.

Para se chegar a esse dado, foram reunidas informações da participação dos alunos nas aulas do ensino remoto ou na entrega de atividades impressas ao longo de duas semanas de abril de 2021. As redes de ensino deveriam informar também o número total de alunos matriculados no 5º e 9º ano do fundamental e da 3ª série do ensino médio. Com os dados em mãos, o estudo conseguiu afirmar que 28% alunos do 9º ano das capitais Aracaju (SE), Belém (PA), João Pessoa (PB), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Velho (RO), São Luís (MA) e Teresina (PI), correm risco de evasão contra quase 12% dos estudantes das capitais do Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

Em números gerais, o risco de evasão por etapa escolar e região ficou em:
-14% para alunos do 5º ano do Norte e Nordeste;
-Cerca de 12% nos alunos do 9º ano do Norte e Nordeste;
-Quase 25% para estudantes do ensino médio dessas mesmas regiões.
-7,4% para alunos do 5º ano nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste;
-Cerca de 8% para estudantes do 9º ano nas regiões citadas acima; e,
-Quase 10% alunos do ensino médio.

“A região Sul apresentou o maior percentual de redes com participação dos estudantes, entre 90% e 100%”, diz o estudo. Ou seja, neste local, o risco de evasão é menor. Para Ernesto Faria, diretor executivo do Iede, até mesmo as regiões com 10% dos alunos sem participação nas aulas indicam um risco alto de evasão. “Estamos falando de abril de 2021, já havia passado um longo período da pandemia para as redes se estruturarem, o desafio se mostra presente para todos”, afirma.

O estudo aponta, por exemplo, que nos anos iniciais, no Nordeste, mais de dez a cada cem alunos não tiveram contato frequente com as escolas e correm o risco de deixar os estudos. Para Faria, os dados acendem um alerta, principalmente, porque antes da pandemia do coronavírus o acesso à educação para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos estava praticamente universalizado no país.

Falta de dados sistematizados Ao longo do mapeamento, as organizações encontraram inconsistências “que levaram à exclusão” de algumas secretarias do estudo. Algumas redes apresentaram um percentual de participação dos alunos acima de 100% e outras registraram índices inferiores a 50%. “O primeiro caso é absolutamente infactível e o segundo foi considerado distante da realidade pelos pesquisadores, pois percentuais tão baixos de participação dos estudantes sugerem inconsistências na sistematização dos dados por parte das redes de ensino”, avaliam os pesquisadores.

Para as organizações, a dificuldade de sistematização dos dados nas secretarias “merece atenção”. “É preciso identificar e localizar as crianças e adolescentes que abandonaram a escola ou que não conseguiram se manter aprendendo em casa durante a pandemia e adotar medidas para que eles tenham o seu direito à educação garantido”, disse Cezar Miola, presidente do comitê de educação do IRB. Faria sugere que as redes invistam em sistemas de monitoramento ou, pelo menos, planilhas on-line. “Precisamos criar uma cultura de que essas informações são essenciais. No Brasil inteiro podemos ver escolas fazendo um preenchimento físico”, aponta o diretor executivo do Iede.

Como bom exemplo, o estudo traz o caso de uma cidade em Rondônia que, para monitorar a participação dos alunos, preenchia informações em uma planilha disponibilizada diretamente pela Secretaria Municipal de Educação. Com isso, a rede tinha acesso direto aos dados. Pensar em ações de busca ativa para alunos que abandonaram as atividades escolares também é essencial nesse processo, avaliam as organizações. Um dos exemplos trazido pelo estudo é de um município de Minas Gerais, em que as equipes das escolas e secretarias trabalham desde o começo da pandemia para manter os vínculos com os alunos.

Além disso, o estudo cita ações como atendimento individualizado ao estudante, parceria dos professores com as famílias e uso constante das redes sociais para comunicação como boas medidas para garantir o engajamento e participação das turmas.


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